Coisas do Carvalho
Peço
o especial favor aos leitores, que não pensem que enveredei pelo estilo Quim
Barreiros. Qualquer semelhança entre a forma deste título e a forma do dito
cantor pimba, é pura coincidência.
Tenho
um amigo de nome Joaquim António da Silva Carvalho, que é um tipo de
inteligência e perspicácia raras, além de um sentido de humor imenso. Os amigos
comuns quando conversamos na sua ausência, facilmente percebemos quando as
piadas citadas são do Carvalho, da mesma maneira que quando os amigos do Lázaro,
do Xico Carreira ou do Batata falávamos deles, sabíamos logo quando as frases
eram de um ou do outro.
Cada
homem de personalidade forte marca um estilo inconfundível.
O
meu amigo Carvalho é aficionado á moda do Norte, vê o que vê, lê o que lhe
chega e tem dificuldades em entender as guerras dos mentideros, por isso
dizia-me há dias: “ Se o negócio dos toiros é pobre ou mesmo mau, se os
forcados são amadores, se os toureiros são artistas, se a “Festa” está a ser
atacada por poucos mas barulhentos, então porque existem guerras entre toda
esta gente quando todos deviam estar unidos e em sintonia, á volta de uma
paixão comum?”
Ao
exposto acrescentou o Carvalho: “Os psiquiatras dizem que uma em cada quatro
pessoas tem alguma deficiência mental. Olha bem para três tipos com especial
protagonismo no mundo da Festa e se eles parecerem normais, o deficiente és
tu!”
Fiz
a análise sugerida pelo meu amigo e verifiquei que efectivamente sou eu o
anormal, porque vejo as coisas com
romantismo e acredito á partida,todos querem o melhor para a Festa.
No
meio de tanta confusão mental, falei do meu amigo Miguel Alvarenga e disse-lhe:
Eu, se estivesse no lugar do Miguel, depois de não ter tido a solidariedade
mínima dos companheiros da imprensa em determinadas lutas, depois de ter sido alvo de todo o tipo de
ataques (incluindo sites especiais), depois de enfrentar coações á sua
liberdade de imprensa e á do jornal que dirigiu, depois de não ter o apoio devido ao
projecto “Farpas” , etc. etc. etc., já há muito tempo que tinha abandonado,
limitando-me a ir de quando em quando aos toiros quando me viesse a real gana.
O
Miguel tem capacidade para escrever em qualquer jornal sobre múltiplas
temáticas e existe como homem, sem precisar de chatices e preocupações com as
que por vezes viveu para manter o “Farpas”, e o que é mais curioso é verificar que mesmo os seus adversários conhecem a importância do “Farpas” de
norte a sul do País, como o veículo da imprensa mais procurado e mais lido.
Fazer
o que ele faz, divulgando as corridas de empresas ou mesmo outros agentes do
Mundillo que não o tratam bem, quase roça o masoquismo, demonstrando assim que a
sua existência não se resume ao social, mas sim ao mundo que o caracteriza como
uma pessoa que existe" .
Acrescentou o Carvalho: Não te esqueças que se o Pensamento Crítico é um pensamento razoável e reflectido, preocupado
em ajudar a decidir em que acreditar ou o que fazer, então o Miguel é e será
sempre incómodo e pagará por isso, mas ao mesmo tempo temido.
Os recalcados, são mantidos pelo recalque, aparecem sempre de
forma deformada, pondo o próprio ego por diante, não têm
sexo, nem nome, não escolhem dia, nem hora certa, mas navegam só com o intuito
de calcar quem os provoca e destruir quem os incomoda.
Se o Miguel tivesse aberto o
Blogue aos leitores, na caixa de comentários do blogue cairia por parte de
anónimos puros ou encomendados, de tudo:
o rancor perante uma opinião
desfavorável, a hipocrisia do falso moralista, a comichão do frustrado sexual,
a masturbação mental do depravado, o veneno do ressabiado e a maldade do
recalcado.
O Miguel é diferente, e faz
falta ao mundo dos toiros, ainda que incomode tanto os inimigos como um exame á
próstata de uma hora, ou um furúnculo na virilha na fase vermelhão.
Perante tão sábia resposta,
pensei cá para comigo:
Isto são mesmo “Coisas do
CARVALHO”.