Antigamente, e não vão lá muitos anos, o uso de gamarras fixas ou móveis era considerado quase um crime, e só era admitido em casos muito excepticionais.
Só me lembro de ver um cavalo engamarrado com mestre David Ribeiro Telles, que foi o "Chinelo", mas que olhando para a inserção e dimensão do pescoço se percebia as razões que levaram o mestre a tal alternativa.
Lembro-me também do seu Filho António com um cavalo quarto de milha engamarrado, cavalo que comprou a Fernando Castelo Branco, e que ao analisar esse exemplar e atendendo á equitação praticada pelo António também nos levava a entender tal opção.
De João Moura, recordo que nos seus tempos aureos, dos mais ou menos vinte cavalos que tinha a tourear, só um com o ferro Qt. da Foz, que depois vendeu no México, usava gamarra e por isso nunca o sacou em Portugal.
Falei destes como podia falar de quase todos desses tempos.
Hoje as serretas são quase obrigatórias, tornando-se o seu uso não condenavel, comparando com o que disse atrás, ou com as bolachas do lado esquerdo do freio que têm cinicamente bicos para forçar o cavalo a meter a cara, já não falando nessa coisa horrivel dos cabos de aço que vão do freio ao nariz, parecendo que todas estas martingalas fazem parte do original e clássico arreio Português.
Eu sei que hoje o tempo urge e tem que se precipitar mais que antigamente o arranjo dos cavalos. Sei também que os cavalos vão a sitíos onde não iam, mas há limites antes de chegar á bagunça actual.
Mestre Nuno de Oliveira disse: " para uma boa base de arranjo é fundamental que o cavalo pare bem e recue sem protestar".
A maioria dos cavalos a quem são impostas as martingalas de certeza que nunca pararam bem, nem nunca recuaram sem protestar.
A foto de cima é o cúmulo: "Cavalo a ser apresentado em Espanha numa demonstração de equitação com cabos de aço ao nariz"