Eu
que vejo a amizade como uma religião, não resisti a publicar com a
devida referência este artigo do Sr. Pedro Tadeu publicado no DN..
Onde estão os amigos de Ricardo Salgado ???
Agora que Ricardo Salgado arrisca afundar-se, quem são os primeiros a pôr-se na fila para o empurrar borda fora? Os mesmos senhores e as mesmas senhoras que ainda há pouco tempo corriam ao beija-mão, agitados e agitadas, de cabeça quase na alcatifa, coluna em arco, embevecidos e embevecidas por algum mensageiro do monarca - "o dono disto tudo" - ter comunicado a benesse de uma audiência exclusiva, de um almocinho discreto, de uma partida de golfe esperançosa, de uns 30 segundos de atenção. Se fossem de espécie canina, abanariam o rabito de felicidade, tal era o frenesim...
Quantos olhavam para Ricardo Salgado e viam nele a imagem do messias da finança? Quantos beneficiaram dos tempos em que ele distribuía aos eleitos o milagre do crédito? Quantos foram iluminados por um financiamento abençoado em troca de simples devoção e de umas ações no BES? E quantos destes se apressam a figurar na primeira fila dos que gritam pela crucificação do Espírito Santo?
Esta gente sem vergonha não hesita: toca a insultar o Salgado, toca a conspirar contra o Salgado, toca a pedir a cabeça do Salgado...
Estar na sombra do tio Ricardo era um modo de vida. Nos dias de hoje é um perigo para o nível de vida. Ser, apenas, cumprimentado pelo senhor Ricardo Salgado era uma promoção. Nos dias de hoje, passear na mesma via pública do "talvez sem idoneidade" Ricardo Salgado cheira a condenação.
Quantos dos que agora gritam que se "apure toda a verdade, doa a quem doer" fizeram o impensável para que essa verdade (seja ela qual for pois, na realidade, sabemos ainda muito pouco) nunca se revelasse? E quantos querem entregar, quanto antes, o corpo de Salgado à turba sedenta, para a calar e salvar, apenas e só, a sua própria pele?
Quantos jornalistas, analistas, empresários, políticos, magistrados e outros satélites do poder contribuíram para um silêncio comprometedor, anos e anos a fio? Quem aceitou, por exemplo, o silenciamento generalizado do crime, a troco de coimas, que foi o resultado final da gigantesca Operação Furacão? Quem aceitou a normalidade de um esquecimento de oito milhões de euros numa declaração de IRS? Quem impediu que notícias desagradáveis ao BES fossem publicadas? Quem alguma vez analisou seriamente as contas da teia empresarial montada pelo Grupo Espírito Santo? E como é que a troika, que vasculhou tudo e todos, não deu por nada aqui?
Esta gente vai safar-se. Passada a tempestade no BES, se calhar dominada com dinheiros públicos, a elite nacional que se curvava a Salgado reconfigurará as "amizades", "as relações" e continuará a servir e a servir-se de um qualquer novo dono do País... Até ter de o cuspir.
Onde estão os amigos de Ricardo Salgado ???
Agora que Ricardo Salgado arrisca afundar-se, quem são os primeiros a pôr-se na fila para o empurrar borda fora? Os mesmos senhores e as mesmas senhoras que ainda há pouco tempo corriam ao beija-mão, agitados e agitadas, de cabeça quase na alcatifa, coluna em arco, embevecidos e embevecidas por algum mensageiro do monarca - "o dono disto tudo" - ter comunicado a benesse de uma audiência exclusiva, de um almocinho discreto, de uma partida de golfe esperançosa, de uns 30 segundos de atenção. Se fossem de espécie canina, abanariam o rabito de felicidade, tal era o frenesim...
Quantos olhavam para Ricardo Salgado e viam nele a imagem do messias da finança? Quantos beneficiaram dos tempos em que ele distribuía aos eleitos o milagre do crédito? Quantos foram iluminados por um financiamento abençoado em troca de simples devoção e de umas ações no BES? E quantos destes se apressam a figurar na primeira fila dos que gritam pela crucificação do Espírito Santo?
Esta gente sem vergonha não hesita: toca a insultar o Salgado, toca a conspirar contra o Salgado, toca a pedir a cabeça do Salgado...
Estar na sombra do tio Ricardo era um modo de vida. Nos dias de hoje é um perigo para o nível de vida. Ser, apenas, cumprimentado pelo senhor Ricardo Salgado era uma promoção. Nos dias de hoje, passear na mesma via pública do "talvez sem idoneidade" Ricardo Salgado cheira a condenação.
Quantos dos que agora gritam que se "apure toda a verdade, doa a quem doer" fizeram o impensável para que essa verdade (seja ela qual for pois, na realidade, sabemos ainda muito pouco) nunca se revelasse? E quantos querem entregar, quanto antes, o corpo de Salgado à turba sedenta, para a calar e salvar, apenas e só, a sua própria pele?
Quantos jornalistas, analistas, empresários, políticos, magistrados e outros satélites do poder contribuíram para um silêncio comprometedor, anos e anos a fio? Quem aceitou, por exemplo, o silenciamento generalizado do crime, a troco de coimas, que foi o resultado final da gigantesca Operação Furacão? Quem aceitou a normalidade de um esquecimento de oito milhões de euros numa declaração de IRS? Quem impediu que notícias desagradáveis ao BES fossem publicadas? Quem alguma vez analisou seriamente as contas da teia empresarial montada pelo Grupo Espírito Santo? E como é que a troika, que vasculhou tudo e todos, não deu por nada aqui?
Esta gente vai safar-se. Passada a tempestade no BES, se calhar dominada com dinheiros públicos, a elite nacional que se curvava a Salgado reconfigurará as "amizades", "as relações" e continuará a servir e a servir-se de um qualquer novo dono do País... Até ter de o cuspir.