O Bruno Miguel já está noutra e planeia-se a inauguração da praça de toiros...
O Bruno Miguel foi à escola falar com a professora Odete, para saber como tinham reagido os filhos à separação dos pais. A professora, bonita de cara e jeitosa de corpo, respondeu, com ar cândido , que não tinha notado nenhuma anomalia no comportamento dos miúdos e que até achava estranho eles só falarem do pai e nunca da mãe.
A professora Odete, de 40 anos,filha única, viúva desde os 30, era uma pessoa muito marcada pela vida, vivia com o pai também viúvo há mais de 20 anos, não podia ter filhos, pois fora operada pouco tempo depois de casada a uns quistos nos ovários, o que tinha levado à remoção dos mesmos, bem como do útero, uma histerectomia total que conduzira a uma menopausa precoce.
A professora Odete adorava crianças e sempre tivera uma adoração especial pelo Bruninho, filho do nosso Bruno Miguel, que começou a tornar cada vez mais frequentes as visitas à escola, até que, por fim, ela propôs ao Bruno que os seus filhos ficassem em casa dela nesse fim de semana. A intimidade entre pai e professora intensificou-se de dia para dia, até que resolveram casar, com o consentimento total e absoluto do Sr. Inácio, pai da Odete, que já tinha comprado dois tractores ao Bruno e tinha dele a melhor impressão. A cerimónia foi marcada para uma sexta-feira à tarde em casa da noiva, onde iria o homem do Registo Civil e de convidados só estariam os do núcleo duro e respectivas acompanhantes.
O jantar foi servido pelo restaurante Nova Aurora, com boa ementa e bons vinhos, sendo a despesa suportada pelo Sr. Inácio, que tinha umas massas, pois toda a vida negociara em madeiras, sendo um dos três sócios da serração e vendendo bem a sua quota, quando da mudança das instalações para a zona industrial.
Além dos aperitivos variados e saborosos, foi servido um caldo verde de eleição com toras dum chouriço especial, bacalhau à narcisa com quatro dedos de alto mas bem demolhado e cabrito assado no forno ou leitão à bairrada consoante o gosto de cada um. As sobremesas foram variadas.
As senhoras, o Larilas e o marido rodearam a professora Odete de carinhos.
Os homens deram grandes abraços ao noivo e o Rúben lembrando-se dos dois fracassos anteriores do amigo, excedeu-se na sua pureza, abraçando o Bruno enquanto lhe dizia ao ouvido : " Ó Bruno… agora tesão hein…".
Dito pelas senhoras, a Odete dava mais atenção aos filhos do Bruno do que a mãe destes alguma vez fizera.
Durante o repasto foram-se alinhavando as cerimónias da inauguração da praça de toiros, tendo o dr. Rui sugerido a determinada altura que talvez fosse uma boa ideia convidar o Tatonas, mesmo sabendo que ele não viria, ao que o Rúben contrapôs com veemência : "Sa foda o Tatonas… Puta que pariu o Tatonas...”.