Ridendo castigat mores
A famigerada crise, o défice de humor da nossa sociedade, e o mundo taurino, levaram-me á pretensão, nada fácil por sinal, de parir humor.
A famigerada crise, o défice de humor da nossa sociedade, e o mundo taurino, levaram-me á pretensão, nada fácil por sinal, de parir humor.
Em algumas das minhas crónicas, pretendo ter graça (será que consigo?) partindo de anedotas ou
de histórias pitoresca, que projecto umas vezes mais outras menos, no “Mundillo”.
Começo
pela história do tipo descarado que foi surpreendido pelo marido da amante, na
cama, na residência do casal.
O
marido enganado não achou graça e deu um ensaio de porrada ao intruso em
grande, e quando se preparava para o atirar todo esmurrado pela porta fora, o descarado
pediu-lhe: “ deixe-me ao menos dar um beijo de despedida á sua mulher”. Respondendo
então o marido enganado: “Está bem… Mas não abuse”.
O
tipo além do petardo de ter sido agarrado em flagrante, pelo marido da amante, abonou-se
á bruta de descaramento, enquanto o corno se encharcou de paciência patética ...
É exactamente
sobre o descaramento que me vou debruçar.
Diccionário:
Descaramento = Falta de vergonha; desfaçatez;
desaforo; ousadia; atrevimento.
No
“mundillo” o descaramento acontece tão frequentemente como acontecem os casos
de adultério na sociedade.
Alguns
empresários anunciam nas praças pesos dos toiros que nada têm que ver com os reais,
com um atrevimento incrível.
Alguns
grupos de forcados com a maior
desfaçatez, dão como consumadas pegas quando tal na realidade não
aconteceu.
Em Espanha há Matadores, que não podendo com os toiros lhes tiram a investida mandando-os picar
demasiado ou simplesmente tirando-lhes a muleta da cara sucessivamente,
denotando a maior falta de vergonha.
E
quanto a cavaleiros, alguns ultrapassam largamente todos os limites de velocidade na execução das sortes, com ousadia
de pasmar.
A
apresentação de alguns curros, para já não falar de animais mandados para
Festivas, roçam ou mesmo entram pelo perímetro do desaforo.
Moral
da História: Qualquer destes exemplos de descaramento não está longe em
volumetria, do que exibiu o gajo da história inicial, quando apanhado pelo
corno, enquanto nós, os aficionados, encarnamos o papel dos cabrões, salvo
seja, que sucumbimos ao atrevimento, á desfaçatez, á falta de vergonha, á
ousadia e ao desaforo de quem nos trai.