Festa da Sardinha assada em BENAVENTE - 23, 24 e 25 de junho...
È indiscutivel que
é nesta terra, na vivência da sua Festa, que se sentem as verdadeiras e mais
puras tradições tauromáquicas e não só.
A Picaria com o risco dos
toiros em pontas serve para calibrar o geito de homens e cavalos para o toureio
e maneio do gado, como antigamente.
A entrada dos toiros
conduzidos por campinos a cavalo mais os amadores, retrata-nos um passado já
distante (quando a ausência de meios de transporte era um facto) sendo que esse
movimento atraía o povo, dando assim inicio ás festas, resultando dessas
entradas, além de tudo o mais, uma forma tremendamente eficaz de publicidade
para os festejos que se seguiam.
Os concursos de jogos
de cabrestos trazem-nos á realidade de podermos homenagear aqueles que
simbolizam mais do que uma profissão, uma arte, uma filosofia de vida peculiar,
resumindo: um estar e um ser únicos no mundo.
As esperas são como
sempre foram, a forma mais galharda, de
quem quiser provar valentia e destreza frente a um toiro que pode também dar
uns poucos momentos de glória.
A reunião das gentes
da terra e forasteiros á volta dos assadores, independentemente de credos, de
militâncias politicas ou de classes sociais, reporta-nos ao mais puro convívio
popular.
O trabalho
desinteressado das comissões que ano a ano se sucedem, é um hino ao
filantropismo.
O cortejo é uma
passagem de modelos de animais e gentes.
A missa campal dá á
festa solenidade e refastela de fé aqueles que a têm.
Os bailes populares á
noite, são ponto de encontro de jovens que ali se divertem e muitas vezes são
sitio justo para o desabrochar do amor, enquanto projecta os menos jovens ás
frescuras de tempos passados.
O vinho a correr a
jorros trás a alegria ou o picante duma escaramuça, mas com defeitos e virtudes não deixa de ser uma
reposição do passado.
Os comentários do Zé
Barroca lembram-nos esse ícone de Ribatejanismo que foi Celestino Graça, no
entusiasmo natural como vive o acontecimento, e na forma como se relaciona com
campinos e cavaleiros que tão bem conhece.
O ambiente vivido no almoço da picaria, é
Portugal no seu melhor á volta de uma mesa, onde as histórias fazem História.
A sombra efectiva, mas
não tutelar das casa agrícolas, nota-se no colaboracionismo que dedicam ao que
é preciso dentro do possível, e na presença dos seus representantes, está a
admiração e o respeito.
Plasma sobre todos
estes quadros a autarquia que, não procura evidencias nem protagonismo, porém apoia
tudo de forma apaixonada, numa entrega á tradição, que encara como vertente
cultural de Benavente e dos Benaventenses.
Nesta vila, o passado
olha-se com orgulho e respeito.
Nascido nesta terra,
Fernando António de Oliveira, consta nos anais da história por ter pago com a
própria vida o seu amor á arte de tourear por isso o eternizaram com o nome
numa rua.
Também já cá não está O
Senhor Fernando Palha (alma mater desta Festa), nem o Pedro Artilheiro
(vulgarmente conhecido por Pedro da Foz) grande pilar de tantas “Sardinhas
Assadas”, nem o Joaquim Sete Saias maior embaixador do fandango do século
passado, como não estão outros igualmente importantes ou mais…, Todavia está a
recordação feita saudade, que se sente por eles... Saudade, essa palavra tão portuguesa…
A Festa da “Sardinha
assada” de Benavente, terra natal dos meus filhos, é um MUST….