Na corrida de Salvaterra vai ser prestada homenagem ao Sr. João Batista

Conheci bem o homenageado, pai da cavaleira Ana Batista, e não posso estar mais de acordo com esta homenagem.

O Sr João Batista foi das pessoas mais aficionadas que conheci. Era ele que levava durante dois ou três anos a filha a Paio Correia (cerca de T. Vedras) para ter lições com o Dr. Brito Paes. Foi ele que se apaixonou pelo cavalo "Nilo" levando as suas éguas, uma a uma, á "Fonte Boa" para serem beneficiadas por esse cavalo, que mais tarde veio a dar origem ás melhores linhas toureiras.

A alegria com que falava do famoso cavalo "Cagancho" que nasceu na sua propriedade e tinha o seu ferro, era enorme, mas curiosamente era carregada apenas de uma dose miníma de vaidade natural. 

A sua dedicação aos cavalos da filha era tanta, que ás vezes roçava o exagero, desde a alimentação á limpeza. 

Foi um homem modesto que nunca buscou protagonismo. Recordo-me da apresentação da Cavaleira em França, onde tinha reservado um quarto no hotel onde ficou a mulher, a filha, os bandarilheiros e eu, e preferiu ficar com os tratadores junto dos cavalos, só com a preocupação de estar pendente de tudo.

Deu sempre a sua opinião na administração da carreira da Ana, sem nunca impôr nada, antes confiando lealmente no Dr. Brito Paes, em mim e nos que me sucederam.

Com todas as responsabilidades na casa agrícola que construiu do nada, do nada mesmo, sempre arranjava tempo para ir ás corridas no seu Ribatejo, e as suas apreciações ao que via, nunca eram maldosas nem revelavam recalcamentos.

Como homem, o Sr. João Batista era um tipo sério e um amigo extraordinário.

Lá estarei, para junto com muitos outros, lhe prestar homenagem.