Manuel Maria Barbosa du Bocage
POEMA :"O Inferno do cíume"
Tirei do poema assim titulado, estes versos de tão famoso autor por vezes tão mal compreendido, versos que encerram uma mensagem sempre actual, como quase tudo o que foi é e será escrito, por grandes génios.
Começa com o primeiro
verso que transcrevo
“Em vão pregador
rançoso….”
As reticencias representam 5 versos mais, que
definem o “pregador rançoso” aos quais se seguem:
Que á razão embota o
gume; (Embotar = arredondar)
Não, não há tartáreo
lume,
Que devore a
Humanidade:
Sabeis vós o que é
verdade?
O inferno do ciúme.”
A obra donde tirei
estes versos é toda uma elegia ás consequências perversas do ciúme. O ciúme
como sabeis, não é um sentimento exclusivo do amor, ele faz-se notar, no
trabalho, no desporto e nas artes sobremaneira. Quando a este se juntam
complexos de superioridade e pior se forem de inferioridade, estamos perante um
caso patológico designado por ciúme doentio.
Pois bem meus
senhores; o mundo do toiro está invadido como nunca, por esta doença que se
tornou quase numa epidemia na “Festa”, cujos sintomas se manifestam em ressaibos
nítidos e permanentes.
As guerras de empresários
com empresários - toureiros com toureiros, forcados com forcados, imprensa com
imprensa e todas as outras que existem entre as demais combinações de agentes
taurinos -, se passarem da rivalidade natural á inveja, e consequentemente ao
ciúme, são a guerra num estado ardentemente feio e venenoso.
Há que diferenciar o
ciúme das rivalidades sadias; estas porque são sadias e não minadas pela
invejoca, são úteis e até mesmo imprescindíveis á “Festa”. Aquelas outras, que
tem o empresário A com o B, só porque o A chegou ontem e tem mais sucesso, ou o
toureiro C em relação ao D só porque o público gosta mais do D, ou ainda porque
o jornal E e o site F são mais lidos ou visitados, e por aí fora, acabam por virar o feitiço
contra o feiticeiro.
Aqueles que são
invadidos por ciúmes doentios no amor, do tipo: “Já olhaste 4 vezes para aquele
lado”, ou, “Tu queres ir ao café mas é para ver fulano” etc. segundo as estatísticas
têm mais possibilidades de serem cabrões…
Como exercício de
pensamento, meditem nestes outros versos do poeta referindo-se ao ciúme:
“Esse abismo, esse
Orco eterno
Não é filho da razão;
Os pavores da ilusão
È que pariram o
inferno”.
O SENHOR, Manuel Maria Barbosa du Bocage, usava uma linguagem
vernácula quando achava opurtuno, todavia foi um dos maiores poetas da língua
Portuguesa e cmo se prova, sabia bem o que era o ciúme…