MANIFESTO DA DIRECÇÃO: Este blogue “www.sortesdegaiola.blogspot.com”, tem como objectivo primordial só noticiar, criticar ou elogiar, as situações que mais se distingam em corridas, ou os factos verdadeiramente importantes que digam respeito ao mundo dos toiros e do toureio, dos cavalos e da equitação, com total e absoluta liberdade de imprensa dos nossos amigos cronistas colaboradores.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

CALDEIRADAS TAURINAS
À MODA DA GOLEGÂ



Antigamente ouvia-se o fado da Golegã que trancrevemos a seguir, a toda a hora e em todo o lado durante a Feira de S. Martinho nesta castiça terra.



Fado da Golegã


Da bravura ganhei ouros
Nesta vida alegre e sã
Entre cavalos e toiros
nas terras da Golegã
É esta a minha paixão
É este o meu gosto sadio
Saber montar um alazão
De um mar de afeição
De um potro bravio

Ó Golegã, terra castiça
Quem te cobiça perde o feitio
Gente louçã que joga a vida
Numa corrida com alma e brio
Festa pagã, todos bizarros potros e carros
Nozes e vinho és sempre a primeira
Terra toureira que vai á feira
De são Martinho

Golegã tenho a certeza
Que não há em Portugal
Nem terra tão portuguesa
Nem gente assim tão leal

Jorra o vinho em canjirões
Passam as moças cantando
E para manter tradições
Os mais brincalhões
As vão beliscando


Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades.

Antigamente só íam á feira os verdadeiros aficionados ao cavalo, e umas centenas de Nortenhos que ali se deslocavam em excursões com farnel, acordeon e tudo...
Antigamente não havia Hamburger'S, nem pizas, nem porcos no espeto, nem minis, nem casacos de encerado, nem sapatos Apache, nem botas de montaria, nem raparigas bebedas, nem discotecas,,  nem estrangeiros ( tirando os Domecq's e os Peraltas), mas havia moças cantando a serem beliscadas pelos mais brincalhões ( como diz o fado) ...

É evidente que como dizia Luís de Camões: 

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,

Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o Mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

Hoje a golegã é o que é.

Há muita gente a armar que sabe e gosta de cavalos, senhoras com Toilletes de caça, homens com blusões que não apertam o botão de baixo nem o de cima, Shot's e baldes, equitação rasteira, espectáculos Hípicos de mais ou menos qualidade, saltos de obstáculos no largo do Arneiro, muita montura á Espanhola e selins á inglesa, trajes mistos com todas variantes possiveis, "Enganches" de competição a toda a brida com a emoção dum possivel atropelamento, pouca "Água-pé", presuntos "pata negra", poucos toureiros a cavalo, a eterna dificuldade em arranjar sitío para satisfazer as mais elementares necessidades fisiológicas e a impossibilidade de mictar sem encharcar os pés de mijo, a ausência quase total de ciganos a negociar, a juventude permanentemente bebada,  o fado outrora rei hoje só aparece episódicamente, mas há muitos, muitos estrangeiros..., e o quadro  "das moças cantando a serem beliscadas pelos mais bricalhões ( como diz o fado), hoje não existe, ninguém canta, e os mais brincalhões em vez de beliscões, metem ás meninas que o permitem,  a lingua na boca até ás amigdalas...

Gastronómicamente tudo mudou, resumido eu essa mudança no seguinte: "os jantares bem regados e bem falados onde se saboreava a cozinha nacional confecionados nas cavalariças por cozinheiros amadores, foram substituidos por "conBiBios" em restaurantes - alguns a armar ao finório - onde até se serve bacalhau com natas".

De Facto, mudam-se os tempos, mudam-se as vontades... e do antigamente resta a recordação.

A Golegã é hoje por hoje, uma granda caldeirada..., apetitosa, talvez...