Comecei a ir á feira ainda garoto, com os SENHORES meus pais, para quem este passeio tal como as idas á Feira de S. Mateus (Viseu) e Feira de Março em Aveiro e Feira de Santarém, faziam parte do roteiro anual. Dizia então o SENHOR meu pai : " É nas feiras que se sente o verdadeiro pulsar do povo…"
Pois bem meus amigos, hoje não se sente esse pulsar simplesmente porque não há povo - ninguém quer ser povo ou por outra, a maioria tem vergonha de ser povo - são poucos os que se revêm e muito menos os que entendem as quadras dum fado que reza assim :
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Eu sou povo e canto esperança
De amanhecer tempo novo
Esperança que se não cansa
De correr atrás do povo
De amanhecer tempo novo
Esperança que se não cansa
De correr atrás do povo
Eu sou povo e canto vida
Num grito de madrugada
Quero a minha gente unida
Caminhando nova estrada
Num grito de madrugada
Quero a minha gente unida
Caminhando nova estrada
Este ano entristeceram- me varias coisas:
1ª - Mudarem o local do bar Convívio. O bar Convívio começou há mais de sessenta anos por se chamar bar Cirel e ao longo dos tempos era o marco geodésico da Feira. Ali se marcavam encontros, ali se faziam negócios, ali se bebia até de madrugada, ali se criavam amigos, ali se selavam as pazes entre tipos desavindos, ali se vivia a feira no seu melhor porque além do mais era um ponto estratégico para ver passar cavalos e cavaleiros. Não foi por acaso que um grupo de amigos liderados pelo Sr. Dr. Filipe Graciosa lhe prestaram homenagem no ano em que passaram 50 anos que ali poisaram ininterruptamente.
Por 10 reis de mel coado. mudaram o bar para um sitio escondido e deixaram ir para lá um bar impessoal. Mas o povo nao esquece e mesmo escondido tem mais gente que aquele que o substituiu...
2ª - A homenagem ao Sr. Dr. Filipe Graciosa soou-me a falso. Aqueles que não o defenderam quando este foi alvo de canalhice vil estavam ali formalmente muito pesarosos, fazendo-me lembras o pai que matou os filhos e foi a uma festa cuja receita revertia para uma instituição de proteção de órfãos....
3ª - Homenagearam bem e merecidamente Filipe Graciosa e Joaquim Bastinhas, então e o R. Chibanga ??? O meu amigo Ricardo não era cavaleiro, mas ao longo duma vida viveu a Feira da sua terra (adoptiva) como poucos e fez da casa dele a casa dos amigos e dos amigos dos amigos, sem vaidades ou exibicionismos…
4ª - Os urinóis foram sempre um problema na feira. Este ano agravou-se, no espaço já de si exiguo em que havia dois em cada parede, passaram a haver três sem guarda, no que resultou ser vulgar o tipo do lado mijar-nos nos sapatos ou até com a bebedeira pegar sem querer na nossa pila….