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terça-feira, 30 de janeiro de 2018

Tauromaquia- Divagando sobre um poema de M. Andrade...

Pelos caminhos sem fim do pensamento

Já várias vezes citei nos meus artigos, Manuel Lima Monteiro Andrade, ex forcado do grupo de Santarém, grande aficcionado, homem apaixonado pelo seu Ribatejo e poeta enorme, que tão cedo nos deixou.

Já um dia escrevi que o seu livro de poemas tal como outros 5 ou 6 ( aos quais juntei recentemente ("El mundo del caballo y del toro, a cielo abierto" de Angel Peralta) nunca sai da minha mesa de cabeceira.

Há dias voltei a abrir a sua obra e parei nuns versos seus que começam assim:

“Na paz sossegada do meu quarto
Fecho os olhos, ás vezes sonolento
E sozinho, sonho e parto
Pelos caminhos sem fim do pensamento”.

Depois de ler estes versos do Manel Andrade, fui eu que sem querer, segui sonolento e sozinho, pelos caminhos infinitos do pensamento.
Nessa viagem sonhei como seria bom que todos os empresários fossem dinâmicos, empreendedores e inovadores, e nesta temporada a crise mal se fizesse notar.
Sonhei que acabaram as guerrilhas patéticas na imprensa taurina.
Sonhei que não houvesse forcados com lesões graves.
Sonhei que os antis finalmente respeitariam os aficionados.
Sonhei que o toureio á pé em Portugal ía finalmente dar o salto.
Sonhei como seria edificante dar valor a quem o tem, e os facxciosismos desaparecessem por completo do universo do “mundillo”.
Sonhei com o fim total e absoluto da inveja e consequentemente do ciúme, que apequena os que da inveja fazem uso, tornando-os dementes e mal formados.
Sonhei que cada cavaleiro - ainda que não negando as fontes onde bebeu -, tinha enveredado por soltar a sua arte genuína sem imitações.
Sonhei que se passaram a respeitar sériamente as tradições e as escolas de equitação e toureio, numa demonstração cabal de afirmação por inteiro da nossa cultura e da nossa história.
Sonhei que todo o mundo taurino se tinha virado para o apoio verdadeiro aos jovens toureiros, sem a hipocrisia do: “ bla, bla, bla… porque é jovem” (como escreveu um dia M. Esteves Cardoso).

Sonhei ver os anti taurinos preocupados finalmente com problemas humanos gravíssimos, que os há, em detrimento da “pachanguice” e dos atentados á liberdade de cada um ,sem respeito pelas arte, história e tradição.

Sonhei que tinha passado a haver tantas iniciativas de apoio á divulgação, promoção e esclarecimento do toureio a cavalo e dos forcados, como há do toureio apeado.

Sonhei que o Europeismo se circunscrevia á economia e á estratégia militar e não se tinha tornado numa AZAE das tradições, fria e global.

Acordei então, e rapidamente descobri a verdade fria das palavras do poeta que passo citar :

“Que mundos tão diferentes!...”
Imagens sublimes e grandiosas
Recantos perdidos e atraentes
Praias de águas deleitosas…”

E agora termino caindo no real, com os versos que fecham o poema que me inspirou.

“No fundo sei apenas que vivi
O sonhar dum sonho transitório e brando”.