Gazeta S. G...- 1º conto...

Os 7 em Vila Velha na Páscoa de 2019

Na quinta feira da páscoa chegaram á vila os Lisboetas Dr. Rui e Tatonas. À noite juntaram-se com os restantes 5 amigos da terra no "café Central" e logo alinhavaram as coisas pró tradicional jantar de 6ª feira Santa na adega do menino Bernardo. Como era 6ª feira Santa, não deviam comer carne e tal como nos anos anteriores, a ementa seria : Caras de bacalhau, batata nova, couve Portuguesa e uns ovos, tudo isto cozido segundo um ritual. As caras emparelhavam com as couves na mesma panela para tomarem gosto, os ovos e as batatas iriam gemer noutra panela para melhor se controlar a cozedura de todos os produtos.

O pai do Dr. Rui oferecia as 7 "Caras" e um Kilo de línguas ( a que a rapaziada da terra chama pachachinhas), que encomendou a um fornecedor com a recomendação de que queria as caras das maiores e mais gordas, coisa fina.. Logo que a encomenda chegou baldeou tudo pra dentro dum balde moderno de vindima (em plástico) que encheu de água, encarregando-se o próprio de renovar a água 2 vezes ao dia.

O Menino Bernardo dava o vinho tinto, que por acaso era uma merda, e umas garrafas de branco velho do tempo do avô que quando não estavam passadas continham um verdadeiro néctar, dava ainda o Azeite do novo e mandava a caseira cozer uma fornada de broa para estar quentinha á hora da janta..

O Eng. Aurélio levava queijos frescos e um super especial da serra.

O Bruno Miguel levava as Bebidas Finas, Wiskhy e Aguardente velha.

O Ruben roubava as couves porque sabia aonde as havia boas e acarretava também umas chouriças feitas pela mãe a quando da matança… que iriam quebrar a abstinência sem ninguém dar por isso.

O Tatonas levavas os dentinhos… E o Larilas levava arroz doce feito pela mãe e uma bavaroise de pera polvilhada de noz feita por ele….

Os amigos começaram a chegar á "Casa de Soromenho" por volta das 7 da tarde, quando a noite aparecia clara mas fria. Á volta da lareira que existia ao fundo da adega já la estava o Ruben a arranjar as couves e a cozer as batatas numa panela, enquanto numa caçarola grande onde antigamente se cozinhava para o pessoal da adiafa, já fervia a água onde iriam sofrer as caras e as couves.

O menino Bernardo, sempre com a Alzira (mulher do caseiro) atrás, montou duas mesas com toalhas brancas de linho antigo, uma com 7 lugares com dois guardanapos por pessoa, sendo um embebido em água morna, e outra onde ficariam em exposição o vinho branco, os digestivos as sobremesas e os aperitivos a que o menino Bernardo teimava em chamar incorrectamente "amuse-bouche". No meio da mesa estavam duas pingadeiras de barro para aparar as espinhas. 
Os outros cinco que se juntaram no Café chegaram juntos e o Aurélio começou por avisar que este ano ía crescer uma cara, porque o Tatonas tinha dado em vegetariano daqueles que consomem ovos e leite, no caminho para o veganismo. Logo o Ruben disse de forma buçal : " Podias também dar em paneleiro… - em cabrao não porque já o és -, que era pró lado pra onde durmo melhor. Vocês os antitaurinos só têm ideias de merda…"

O Larilas dava pulinhos e enrolava as mãos enquanto explicava como fez a bavaroise, nisto uma vez mais o Ruben interveio : Ó maricas de merda corta mas é a broa, as chouriças, os queijos frescos, abre duas garrafas de branco e vai á pipa encher 3 picheiras. O bruno Miguel, por iniciativa própria foi ao telheiro buscar lenha não fosse esta faltar...

Sucederam-se grandiosos elogios aos aperitivos, ás caras, ás couves, ás batatas (Vermelha Desiree, dá menos produção mas são muito mais saborosas), ao vinho, e á bavaroise do Larilas que era uma verdadeira especialidade.

Falaram mal do Governo, do Marcelo, do Ricardo E. Santo, do Sócrates, do Pinto da Costa, do Bruno de Carvalho e do Luís F. Vieira, até que chegaram á tauromaquia. Aí o Tatonas que esteve sempre calado, disse :" A tauromaquia é um não assunto. As touradas são para acabar…" ao que o Ruben pôs-se de pé e já com um grão na asa disse : " Acabar ??? Acabar, acabas já tu meu filho da puta, parto-te já os cornos…" levantaram-se todos para evitar males maiores e enquanti o Dr. rui e o Bruno Miguel seguravam o Ruben que ía insultando o Tatonas com pérolas do género, inútil de merda, drogado de esterco, boi de puta feia, nunca fizeste nada na vida, etc, etc, etc..., o menino Bernardo pedia respeito, o Larilas gritava, que violência, o Aurélio e o Bruno Miguel sorriam e diziam palavras de circunstancia como , foda-se tenham calma enquanto a um canto, o Tatonas cobardemente tremia como varas verdes….