MANIFESTO DA DIRECÇÃO: Este blogue “www.sortesdegaiola.blogspot.com”, tem como objectivo primordial só noticiar, criticar ou elogiar, as situações que mais se distingam em corridas, ou os factos verdadeiramente importantes que digam respeito ao mundo dos toiros e do toureio, dos cavalos e da equitação, com total e absoluta liberdade de imprensa dos nossos amigos cronistas colaboradores.

sexta-feira, 24 de abril de 2020

J. Cortesao entrevista Solange Pinto...

J. Cortesao entrevista Solange Pinto para o site touroeouro...




O TouroeOuro e o Sortes de Gaiola, protagonizam um inédito mano-a-mano, duas entrevistas, entre os críticos João Cortesão e Solange Pinto.

Cortesão entrevista Solange e Solange, entrevista Cortesão.
Os temas, como não poderia deixar de ser, foram pertinentes e as respostas, frontais e inequívocas, como de resto tem sido a postura dos dois escribas ao longo dos anos.
Hoje, publicamos aqui, a segunda das entrevitas, a entrevista concedida por Solange Pinto a João Cortesão, director do blog Sortes de Gaiola.

Solange, com o passar dos anos aprendi a admirá-la, pela sua constante vontade em aprender e pela sua coragem indomável.

João Cortesão - Sente-se à vontade com tantos ataques que lhe têm feito?

Solange Pinto – Não sei exactamente a que ataques se refere. Temos vários à escolha, para todos os gostos e de quase todos os quadrantes da Festa. Ainda assim João, posso dizer-lhe, que em maior proporção, tenho carinho dos aficionados, outros agentes da Festa, mas esses, como é óbvio, não fazem notícia.

Se me sinto à vontade? Nem saberia viver de outra forma. Conhece a máxima ‘diz-me quantos inimigos tens, dir-te-ei quanto vales…’?

Pior mesmo é não abalar mentalidades, cair no exagero do ‘politicamente correcto’ e sobretudo, ser-se amorfo.


JC  - Qual foi para si o mais injusto?

SP – Tantos… Quase todos e nos que errei eu ou provoquei o ataque, tive a capacidade de o reconhecer… Mas acredite, e eu acredito mesmo, que mais cedo ou mais tarde, tudo fica transparente…

O mais injusto? O de Moura Júnior face à publicação das fotografias da fatídica corrida de Coruche. Ataque ao TouroeOuro, que é o mesmo que dizer, a mim, enquanto directora. Mas valeu o que valeu (pouco)… Apenas cumprimos o direito de informar e isso deixa-me a consciência tranquila e com muita vaidade no dever bem cumprido pelo João Dinis, que é o mesmo dizer, dever cumprido de um órgão de comunicação.

JC - Acha que a ética é muito ou pouco respeitada nos agentes da imprensa taurina?

SP – Pouquíssimo respeitada. E todos, mas mesmo todos caem no erro. Nascerá um que me diga o contrário… Até os que se dizem púdicos, pecam pela falta de ética. Uns perdem-na por uma senha, outros por valores maiores e outros ainda, antes de a perder, já não a tinham…


JC - Uma associação dos críticos taurinos Portugueses daria resultado?

SP – Talvez sim. Mas teria pouquíssimos membros. Talvez quatro ou cinco, o que a contrastar com as trincheiras cheias, daria que pensar…

JC - Que pensa dos conflitos e consequentes révanches de algumas empresas para com alguma critíca?


SP – Penso o óbvio e sei bem do que falo. A maioria dos empresários, de agora ou de outros tempos, têm interesses colaterais e adicionais ao bom resultado financeiro e artístico de cada espectáculo e por isso, surge com muita frequência o ressabiamento em relação a criticas feitas aos seus apoderandos. Tudo normal e muito habitual. Obviamente que quem não opina, não tem inimigos. Fácil…
Tudo mudará no dia em que entenderem, que as casas que alugam para promoção de espectáculos, não é exactamente como a casa dos próprios, onde escolhem quem entra.
Se já era assim, temo que a influencia Trump e a sua má relação com a imprensa, possa fazer uma escola com alguns bons alunos que já por cá temos.

JC – Como tem visto a acção da Prótoiro em tempos de COVID?

SP – Da mesmíssima forma que antes do confinamento.

Já antes, tinha imensa dificuldade em entender o que não vejo, agora continuo a não entender, porque continuo a não ver.

Iniciam sempre muitos processos judiciais, cujas conclusões, não sabemos.

Multiplicam-se as agencias de comunicação, a comunicar mal…

Idolatram-se comunicadores, porque falam mais e melhor que outros, mas que nada dizem e cultiva-se o medo dos antis, como os fabricantes de armas cultivam a necessidade de guerrilhar…

Agora sim, seria necessário, mais que defender a Festa, defender as gentes da Festa.

Continuo a não ver nada, mas a ouvir todos aqueles que a nós se dirigem, na ânsia que contemos as suas histórias, mas sempre não querendo dar a cara, sendo sintomático do medo de represálias.

Se a nossa voz servir para mudar o rumo da história, já fico feliz…

No entanto e em jeito de conclusão, as associações que compõem a Prótoiro, são muito mais reactivas, que outra coisa… Mas continuemos a acreditar!

JC - Quais são para si as grandes diferenças entre o toureio a cavalo á Portuguesa e o Rejoneio?

SP – Rock e Jazz são dois estilos musicais, mas ambos são música. Há rock do bom e jazz do bom e ambos em mau… No toureio a cavalo à portuguesa e rejoneo, igual e se for bom… tudo é toureio!

JC - O toureio a pé em Portugal tem futuro?

SP – Depois de Vítor Mendes e Pedrito, cada um com os seus defeitos, mas as suas inúmeras qualidades, pensei que o futuro estaria em Juanito. E digo estaria, não que o mais recente diestro luso não tenha qualidades, mas porque as coisas não estão fáceis em Espanha para ninguém… por cá, faltou e continua a faltar a fórmula… Continuo a acreditar mais nas corridas mistas, cartéis fortes, de forma a devolver o factor contágio pelo toureio a pé. O público iria ver uma figura a cavalo e a passo, voltaria a afeiçoar-se ao toureio a pé.

JC - Que pensa do que foi o papel do maestro Rui Bento? E o da sua partenaire Dra. Paula?

SP – Da pessoa Rui Bento, nada a opinar. Nem ao Rui Bento interessará a minha opinião pessoal sobre ele, nem aos demais, bem como a mim, não me interessaria o que pensa o maestro Rui Bento a meu respeito.

Ainda assim e por muito que possa não interessar o que penso, o seu papel como gestor, interessará sempre ser descurtinado.

Houve claramente uma fase antes e uma depois da existência da administradora de insolvência.

O Rui Bento, não fez tudo mal feito, mas também não fez tudo bem… Houve anos, os iniciais, em que e gozando do estatudo novidade em que estava envolto o Campo Pequeno, elaborou temporadas francamente interessantes, com carteis diversificados e competição. Numa segunda fase, quando vestiu a pele de apoderado, começaram a evidenciar-se as dificuldades em distanciar-se desses duplos compromissos e numa terceira fase, já em insolvência, notou-se um claro turbilhão reforçado com os tais duplos compromissos e sobretudo, a carência de força económica, a que se aliou, um cansaço de imagem, fruto da estadia prolongada na mesma função.

A maior critica que faço ao Rui Bento, é precisamente a falta de poder de encaixe com a crítica e isso, faz indubitavelmente parte da sua condição humana, mais que a sua inequivoca capacidade de gerir um palco como o Campo Pequeno.

Quanto à Administradora de Insolvência, nada a opinar. Até prova em contrário, foi  o que tinha que ser, administradora em tempo de insolvência, sem que o seu nome tenha de ser referenciado na história da tauromaquia, lugar onde sim, o Rui Bento terá sempre de estar, na história da tauromaquia por ter estado 14 anos a comandar a mais importante praça de toiros do país.

JC - Está muita vez em desacordo em questões taurinas, como é evidente, com o João Dinis?

SP – Temos muitas coisas em comum e uma delas, é a paixão pela informação e a paixão pela tauromaquia. Ainda assim, temos personalidades distintas que embora possam encontrar divergências no percurso, quase sempre convergem, com cedências de ambas as partes, procurando sempre, levar o TouroeOuro à liderança. E isso, é uma vitória de ambos, em partes iguais… e um objectivo em dueto e do qual não abdicamos… e uma vitória comum!

O único desacordo mais evidente é: não temos o mesmo pasodoble preferido, nem o mesmo toureiro preferido…

JC - Quais são os Grupos de Forcados que mais admira?

SP – Por uma questão de história familiar, senti sempre muito o Grupo de Montemor, mas, ao longo dos tempos, aprendi a respeitar muito todos os grupos e aqueles que a cada ano ou fases se apresentam em melhores condições, como por exemplo o GFA de Alcochete, Vila Franca e Aposento da Moita…

JC - Se fosse empresária que cartel montaria? E como aficionada que cartel mais gostaria de ver?

SP - Se fosse empresária, tentaria fugir do cartel comum, com os nomes que todos lêem a toda a hora nos mesmos cartazes. O público enjoa e é importante ter noção disso. Se fosse empresária, acho que no momento do contrato, pediria aos artistas, alguma novidade naquele festejo ou que pelo menos, trocassem a ordem dos cavalos utilizados… Que usassem a capacidade de improvisar…

Como aficionada, sem restrições financeiras e para me divertir: Paulo Caetano, João Moura, João Salgueiro, Pablo Hermoso de Mendoza, Rui Fernandes e Diego Ventura. Em competição e apenas em competição!

JC - O que pensa de mim?

SP – Curiosamente há duas pessoas, que respeito e nunca deixei de o fazer, mesmo e quando senti que me viraram as costas e quiseram abrir frente de batalha. Uma chama-se Miguel Alvarenga, outra João Cortesão.

O João Cortesão, ficou apresentado positivamente, quando depois de muitos arrufos de ambas as parte, me ligou dizendo da questão que fazia em entregar-me um premio, em Coimbra. Nem todos o fariam e esses gestos, mais do qualquer outra tanga, fazem das pessoas, seres diferentes… nunca esquecerei o gesto… E tudo o que isso diz de si…