J. Cortesao entrevista Solange Pinto para o site touroeouro...
O TouroeOuro e o Sortes de Gaiola, protagonizam um inédito mano-a-mano, duas entrevistas, entre os críticos João Cortesão e Solange Pinto.
Cortesão entrevista Solange e Solange, entrevista Cortesão.
Os temas, como não poderia deixar de ser, foram pertinentes e as respostas, frontais e inequívocas, como de resto tem sido a postura dos dois escribas ao longo dos anos.
Hoje, publicamos aqui, a segunda das entrevitas, a entrevista concedida por Solange Pinto a João Cortesão, director do blog Sortes de Gaiola.
Os temas, como não poderia deixar de ser, foram pertinentes e as respostas, frontais e inequívocas, como de resto tem sido a postura dos dois escribas ao longo dos anos.
Hoje, publicamos aqui, a segunda das entrevitas, a entrevista concedida por Solange Pinto a João Cortesão, director do blog Sortes de Gaiola.
Solange, com o passar dos anos aprendi a admirá-la, pela sua constante vontade em aprender e pela sua coragem indomável.
João Cortesão - Sente-se à vontade com tantos ataques que lhe têm feito?
Solange Pinto – Não sei exactamente a que ataques se refere. Temos vários à escolha, para todos os gostos e de quase todos os quadrantes da Festa. Ainda assim João, posso dizer-lhe, que em maior proporção, tenho carinho dos aficionados, outros agentes da Festa, mas esses, como é óbvio, não fazem notícia.
Se me sinto à vontade? Nem saberia viver de outra forma. Conhece a máxima ‘diz-me quantos inimigos tens, dir-te-ei quanto vales…’?
Pior mesmo é não abalar mentalidades, cair no exagero do ‘politicamente correcto’ e sobretudo, ser-se amorfo.
JC - Qual foi para si o mais injusto?
SP – Tantos… Quase todos e nos que errei eu ou provoquei o ataque, tive a capacidade de o reconhecer… Mas acredite, e eu acredito mesmo, que mais cedo ou mais tarde, tudo fica transparente…
O mais injusto? O de Moura Júnior face à publicação das fotografias da fatídica corrida de Coruche. Ataque ao TouroeOuro, que é o mesmo que dizer, a mim, enquanto directora. Mas valeu o que valeu (pouco)… Apenas cumprimos o direito de informar e isso deixa-me a consciência tranquila e com muita vaidade no dever bem cumprido pelo João Dinis, que é o mesmo dizer, dever cumprido de um órgão de comunicação.
JC - Acha que a ética é muito ou pouco respeitada nos agentes da imprensa taurina?
SP – Pouquíssimo respeitada. E todos, mas mesmo todos caem no erro. Nascerá um que me diga o contrário… Até os que se dizem púdicos, pecam pela falta de ética. Uns perdem-na por uma senha, outros por valores maiores e outros ainda, antes de a perder, já não a tinham…
JC - Uma associação dos críticos taurinos Portugueses daria resultado?
SP – Talvez sim. Mas teria pouquíssimos membros. Talvez quatro ou cinco, o que a contrastar com as trincheiras cheias, daria que pensar…
JC - Que pensa dos conflitos e consequentes révanches de algumas empresas para com alguma critíca?
SP – Penso o óbvio e sei bem do que falo. A maioria dos empresários, de agora ou de outros tempos, têm interesses colaterais e adicionais ao bom resultado financeiro e artístico de cada espectáculo e por isso, surge com muita frequência o ressabiamento em relação a criticas feitas aos seus apoderandos. Tudo normal e muito habitual. Obviamente que quem não opina, não tem inimigos. Fácil…
Tudo mudará no dia em que entenderem, que as casas que alugam para promoção de espectáculos, não é exactamente como a casa dos próprios, onde escolhem quem entra.
Se já era assim, temo que a influencia Trump e a sua má relação com a imprensa, possa fazer uma escola com alguns bons alunos que já por cá temos.
JC – Como tem visto a acção da Prótoiro em tempos de COVID?
SP – Da mesmíssima forma que antes do confinamento.
Já antes, tinha imensa dificuldade em entender o que não vejo, agora continuo a não entender, porque continuo a não ver.
Iniciam sempre muitos processos judiciais, cujas conclusões, não sabemos.
Multiplicam-se as agencias de comunicação, a comunicar mal…
Idolatram-se comunicadores, porque falam mais e melhor que outros, mas que nada dizem e cultiva-se o medo dos antis, como os fabricantes de armas cultivam a necessidade de guerrilhar…
Agora sim, seria necessário, mais que defender a Festa, defender as gentes da Festa.
Continuo a não ver nada, mas a ouvir todos aqueles que a nós se dirigem, na ânsia que contemos as suas histórias, mas sempre não querendo dar a cara, sendo sintomático do medo de represálias.
Se a nossa voz servir para mudar o rumo da história, já fico feliz…
No entanto e em jeito de conclusão, as associações que compõem a Prótoiro, são muito mais reactivas, que outra coisa… Mas continuemos a acreditar!
JC - Quais são para si as grandes diferenças entre o toureio a cavalo á Portuguesa e o Rejoneio?
SP – Rock e Jazz são dois estilos musicais, mas ambos são música. Há rock do bom e jazz do bom e ambos em mau… No toureio a cavalo à portuguesa e rejoneo, igual e se for bom… tudo é toureio!
JC - O toureio a pé em Portugal tem futuro?
SP – Depois de Vítor Mendes e Pedrito, cada um com os seus defeitos, mas as suas inúmeras qualidades, pensei que o futuro estaria em Juanito. E digo estaria, não que o mais recente diestro luso não tenha qualidades, mas porque as coisas não estão fáceis em Espanha para ninguém… por cá, faltou e continua a faltar a fórmula… Continuo a acreditar mais nas corridas mistas, cartéis fortes, de forma a devolver o factor contágio pelo toureio a pé. O público iria ver uma figura a cavalo e a passo, voltaria a afeiçoar-se ao toureio a pé.
JC - Que pensa do que foi o papel do maestro Rui Bento? E o da sua partenaire Dra. Paula?
SP – Da pessoa Rui Bento, nada a opinar. Nem ao Rui Bento interessará a minha opinião pessoal sobre ele, nem aos demais, bem como a mim, não me interessaria o que pensa o maestro Rui Bento a meu respeito.
Ainda assim e por muito que possa não interessar o que penso, o seu papel como gestor, interessará sempre ser descurtinado.
Houve claramente uma fase antes e uma depois da existência da administradora de insolvência.
O Rui Bento, não fez tudo mal feito, mas também não fez tudo bem… Houve anos, os iniciais, em que e gozando do estatudo novidade em que estava envolto o Campo Pequeno, elaborou temporadas francamente interessantes, com carteis diversificados e competição. Numa segunda fase, quando vestiu a pele de apoderado, começaram a evidenciar-se as dificuldades em distanciar-se desses duplos compromissos e numa terceira fase, já em insolvência, notou-se um claro turbilhão reforçado com os tais duplos compromissos e sobretudo, a carência de força económica, a que se aliou, um cansaço de imagem, fruto da estadia prolongada na mesma função.
A maior critica que faço ao Rui Bento, é precisamente a falta de poder de encaixe com a crítica e isso, faz indubitavelmente parte da sua condição humana, mais que a sua inequivoca capacidade de gerir um palco como o Campo Pequeno.
Quanto à Administradora de Insolvência, nada a opinar. Até prova em contrário, foi o que tinha que ser, administradora em tempo de insolvência, sem que o seu nome tenha de ser referenciado na história da tauromaquia, lugar onde sim, o Rui Bento terá sempre de estar, na história da tauromaquia por ter estado 14 anos a comandar a mais importante praça de toiros do país.
JC - Está muita vez em desacordo em questões taurinas, como é evidente, com o João Dinis?
SP – Temos muitas coisas em comum e uma delas, é a paixão pela informação e a paixão pela tauromaquia. Ainda assim, temos personalidades distintas que embora possam encontrar divergências no percurso, quase sempre convergem, com cedências de ambas as partes, procurando sempre, levar o TouroeOuro à liderança. E isso, é uma vitória de ambos, em partes iguais… e um objectivo em dueto e do qual não abdicamos… e uma vitória comum!
O único desacordo mais evidente é: não temos o mesmo pasodoble preferido, nem o mesmo toureiro preferido…
JC - Quais são os Grupos de Forcados que mais admira?
SP – Por uma questão de história familiar, senti sempre muito o Grupo de Montemor, mas, ao longo dos tempos, aprendi a respeitar muito todos os grupos e aqueles que a cada ano ou fases se apresentam em melhores condições, como por exemplo o GFA de Alcochete, Vila Franca e Aposento da Moita…
JC - Se fosse empresária que cartel montaria? E como aficionada que cartel mais gostaria de ver?
SP - Se fosse empresária, tentaria fugir do cartel comum, com os nomes que todos lêem a toda a hora nos mesmos cartazes. O público enjoa e é importante ter noção disso. Se fosse empresária, acho que no momento do contrato, pediria aos artistas, alguma novidade naquele festejo ou que pelo menos, trocassem a ordem dos cavalos utilizados… Que usassem a capacidade de improvisar…
Como aficionada, sem restrições financeiras e para me divertir: Paulo Caetano, João Moura, João Salgueiro, Pablo Hermoso de Mendoza, Rui Fernandes e Diego Ventura. Em competição e apenas em competição!
JC - O que pensa de mim?
SP – Curiosamente há duas pessoas, que respeito e nunca deixei de o fazer, mesmo e quando senti que me viraram as costas e quiseram abrir frente de batalha. Uma chama-se Miguel Alvarenga, outra João Cortesão.
O João Cortesão, ficou apresentado positivamente, quando depois de muitos arrufos de ambas as parte, me ligou dizendo da questão que fazia em entregar-me um premio, em Coimbra. Nem todos o fariam e esses gestos, mais do qualquer outra tanga, fazem das pessoas, seres diferentes… nunca esquecerei o gesto… E tudo o que isso diz de si…