terça-feira, 1 de maio de 2012
Carta a Rui Fernandes
Caro Rui:
A vida de quando em quando prega-nos algumas partidas, mas os tipos de carácter como tu sempre reagem e passam adiante. Depois de um mau momento, normalmente vêm grandes momentos.
Conheço-te desde que começaste a tourear e sei o que passaste até chegar até aqui, não sou um cristão novo... Lembro-me, e tu lembras-te que numa época em que as coisas não te sairam especialmente bem, sempre acreditei em ti e previ que as coisas voltariam á normalidade dos êxitos, que já tinhas vivido em Sevilha, Madrid, Valência e América Latina.
A perca de um cavalo é sempre um duro golpe, estou-me a lembrar de Moura, António Telles, Luís Miguel da Veiga, J. Moura Caetano e Mestre Batista, mas todos eles reagiram com a força de homens distinguidos. A ligaçao do ginete ao seus cavalos é num hino de amor.
Quando ontem de manhã te liguei, fiquei impressionado quando me dissesrte que já tinhas montado dois cavalos novos. Pensava eu que áquela hora ainda estavas a curtir o azar que te bateu á porta. Quem reage assim com essa força e determinação, só pode ser recompensado com o sucesso, meu caro Rui...
Não vale a pena chorar sobre o leite derramado, mas a verdade é que os pisos molhdos são por de mais perigosos, como se comprova fácilmente, mas entende-se perfeitamente que todos os que tourearam naquele dia quiseram arriscar. Sevilha é Sevilha e dizem as gentes da Andaluzia : "Madrid dá contratos e Sevilha dá classe..." Todos os toureiros com quem trabalhei ou acompanhei, sentiam uma resposabilidade diferente em Sevilha, pela mística e pelo sentimento artístico dos Sevilhanos que se revela até na forma como pedem ou servem um simples copo de água.
As lágrima que te assaltaram a cara, caíram certamente no coração daquela gente.
Eu, apaixonado empedernido dos cavalos toureiros, sinto a morte de um deles de forma especial, e plageando o poeta, apetece-me dizer: " o "Xelim" foi companheiro das horas dos teus êxitos, ao vê-lo partir o vento se perdeu, por ele já não poder viver contigo, o que viveu...
Força Rui, Muita força...
Um Abraço do teu amigo e admirador de sempre
João Cortesão