MANIFESTO DA DIRECÇÃO: Este blogue “www.sortesdegaiola.blogspot.com”, tem como objectivo primordial só noticiar, criticar ou elogiar, as situações que mais se distingam em corridas, ou os factos verdadeiramente importantes que digam respeito ao mundo dos toiros e do toureio, dos cavalos e da equitação, com total e absoluta liberdade de imprensa dos nossos amigos cronistas colaboradores.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Novo ensaio sobre o maquiavelismo e a cegueira no Mundillo




 

Preâmbulo:

Maquiavélico e maquiavelismo -  São adjetivo e substantivo que estão tanto no discurso erudito, no debate político, quanto na fala do dia-a-dia. Seu uso extrapola o mundo da política e habita sem nenhuma cerimônia o universo das relações privadas. Em qualquer de suas acepções, porém, o maquiavelismo está associado à ideia de perfídia, a um procedimento astucioso, velhaco, traiçoeiro. Estas expressões pejorativas sobreviveram de certa forma incólumes no tempo e no espaço, apenas alastrando-se da luta política para as desavenças do Quatidiano social.

A cegueira - Queixas e lamentações provocam cegueira. Abram os olhos: o nosso prazo de validade está a ser prorrogado. A desesperança ainda pode ser substituída pela acção permanente de realizações em nossa defesa.

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Por definição aqueles que se interessam por toiros, cavalos, costumes e tradições constituem uma minoria de primitivos imbecis, atrasados e “reaccionários”, como afirma uma outra minoria de imbecis manipulados, que foram convencidos de que são progressistas.

Entre uns e outros vegeta uma esmagadora maioria de multidões indiferentes a quase tudo o que não seja tentar sobreviver, e evitar pensar em coisas ainda mais incómodas do que os seus problemas quotidianos, para evitar uma depressão ainda maior. A estas multidões serve-se uma informação filtrada e orientada, nos intervalos do futebol, dos reallity shows, dos concursos e das novelas. Á força de constatarmos esta realidade acabámos por pensar que para certas pessoas isto é natural.

As coisas são assim. Mas porque é que são assim?

Porque é que nos esquecemos tão resignada e passivamente de que uma parte da esquerda dita esclarecida, que então existia e agia, considerava como ALIENAÇÃO DO POVO as doses massivas de Fátima Fado e Futebol, com que aqueles a quem chamavam os salazarentos atafulhavam os bestuntos da carneirada dócil?

Não estou minimamente convicto de que o facto de amarmos os costumes e as tradições nos inclua automaticamente numa minoria de primitivos imbecis.

E sinto-me na obrigação de reconhecer que sofremos uma lenta lavagem ao cérebro que conduziu a uma tal mudança de convicções que já somos poucos os do tempo em que - como disse há dias noutro contexto - fumar era bonito e levar no cu é que era feio. Mas quero crer que alguns desse tempo agradeçam uns abanões para sacudir o torpor, a sonolência mental e a indiferença que tomaram conta de nós.

Não podemos assistir ensonados, caladinhos e assustados, ao atentado permanente e teimosamente eficaz ao cerne dos nossos interesses, dos nossos gostos e das nossas convicções, conduzido por uma vara de pregadores teleguiados, tipo pregadores da IURD.

Já não nos espanta realmente nada que os donos da Eurolândia proíbam as culturas geneticamente modificados em nome da saúde pública, e importem todo o lixo transgénico com que se fabricam as rações que alimentam a totalidade da nossa pecuária.

Achamos natural que a agricultura não viva da venda daquilo que produz mas dos subsídios que recebe, tarde e a más horas, precisamente para não produzir, ou vender abaixo dos custos de produção, às grandes superfícies parasitárias que embolsam margens de lucro que nenhum risco legitimou, e asfixiaram todo o comércio tradicional e independente do que nos dava liberdade de escolha.

Achamos natural pagar os milhões da RTP disfarçados na facturas da electricidade, ou que, nas novas cobranças das auto estradas, o montante das portagens possa ser inferior aos chamados custos administrativos. Quais custos administrativos? Porventura na factura das bicas vem incluída a amortização da caixa registadora ?

Achamos natural que os fumadores estejam confinados a minúsculos campos de concentração, e sejam vendidos como o grande risco para a saúde pública, enquanto qualquer privilegiado com posses pode snifar coca ás linhas inteiras, sem merecer o mesmo repúdio e reprovação públicas.

Achamos natural que aqueles que porfiam em proibir a festa brava, e a caça à raposa, não se mobilizem nos mesmos piquetes de inspecção ao sofrimento animal nos matadouros, na criação de peles ornamentais, na produção de foie grãs, e nas hecatombes sazonais á bela perdiz, ao saboroso coelho ou nas marisqueiras onde o marisco é posto em água a ferver. Donde se conclui que dão por provado - e adquirido - que uns animais são mais animais do que os outros.

De facto somos completamente imbecis. Mas não estamos de modo nenhum em minoria. Vivemos é num mundo imbecilizado e apático em que muitos deixaram de pensar pelas próprias cabeças, agora preenchidas com um pré fabricado de excesso de informação tendenciosa e orientada, em doses tais que ninguém a consegue digerir, quanto mais filtrar.

E pensamos - com uma ingenuidade ternurenta – que a propaganda permanente que nos inunda os olhos e os ouvidos só afecta os outros. E pensamos que a nós não, por amor de Deus. Nem pensar nisso. Não somos uma minoria de primitivos imbecis e atrasados. Os outros é que são.

Os outros quem? Parece que toda a gente, menos quem dirige os fabricantes dos chamados conteúdos .

Termino reafirmando que devemos estar em alerta permanente com aqueles que deixam preencher a cabeça com um pré fabricado de excesso de informação tendenciosa e orientada, em doses tais que eles não conseguem digerir, quanto mais filtrar.