MANIFESTO DA DIRECÇÃO: Este blogue “www.sortesdegaiola.blogspot.com”, tem como objectivo primordial só noticiar, criticar ou elogiar, as situações que mais se distingam em corridas, ou os factos verdadeiramente importantes que digam respeito ao mundo dos toiros e do toureio, dos cavalos e da equitação, com total e absoluta liberdade de imprensa dos nossos amigos cronistas colaboradores.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013



Um hino ao toureio de Manzanares, por José Zuquete





Manzanares: a estátua de azul e oiro




A estátua melhor conseguida do toureio do tempo presente está vestida de azul e oiro. Essa é a arte de Manzanares. Amanhecer de toureio, arrojo, sobriedade, classicismo. Plenitude do toureio. Quietude, temple, mando. Entardecer do toureio. Arte serena e em repouso. Rotação da terra em torno do sol como o touro gira em torno da estátua de azul e oiro. Devagar, sem pressa e sem pausa como a estrela na sua órbita, avança a estátua de azul e oiro para o touro. Da manga azul salpicada de oiro pende a muleta. Com o pau da muleta e a espada faz uma cruz. E assim como uma bandeira do toureio, aproxima-se do touro, que é o caminho mais recto de aproximar-se do público. E dá três passes e logo quatro. E outros três em continuação. E assim suave, lento, melodioso, quieto, imóvel, reunido, acoplado, fundido com o touro, vi lavrando as sortes como se lavram estas coisas preciosas da arte do toureio: com uma substância fluida, alada, imponderável e subtil a que se chama estilo. A multidão de pé acompanha os giros do toureiro e o ir e vir do touro, com essas expressões tão arrebatadas e incendiadas que travam remoinhos no vento, enquanto a manga azul salpicada de oiro, faz um pouco de frio… Majestade e seguridade, calma e repouso. E continua toureando, crescendo, crescendo. O valor aquieta a planta. A arte templa a sorte. O domínio liga os passes. O génio inspira a faena. E que faena. Nada de aplausos e clamores que este toureio não é como os demais. Este toureio sente-se, canta-se ou cala-se, que a arte quando nasce assim, das entranhas mais fundas e vivas da alma, não se descreve nem se comenta. Eu queria fazê-lo, mas não posso. Quando o tento, sinto um pouco de frio e faço um ponto final…