Porque está a levantar celeuma, a possivel Alternativa de Miguel Moura em Madrid????...
Sei de antemão que haverá com certeza quem não concorde, mas não podia deixar de dizer o que penso sobre o assunto da mesma maneira que não calo nunca aquilo sinto e penso, aliás já o fiz com Manuel Lupiu e João Ribeiro Telles Jr.
“Não há machado que (me) corte a raiz ao pensamento….”
Todos os que me conhecem, sabem bem a admiração que sempre tive pelo “rejoneo”, como sabem que já há muitos anos previ o “Boom” que a arte de rejonear veio a ter nestes últimos anos. Para confirmá-lo basta ler um artigo meu publicado no "FARPAS" há 10 anos (antes de P. H. Mendonça e Ventura), titulado assim: “Boom do rejoneo”.
O que escrevi fi-lo fundamentando-o; o que me replicaram teve como único fundamento a nossa antiguidade - bem discutível aliás -, presa a um patriotismosito que não se manifesta noutros aspectos desta arte como referi, e muito menos nas coisas mais sérias.
Possivelmente alguns dos que não concordaram comigo, acharam a atribuição do prémio “Nobel” a Saramago banal e mesmo injusto, tal como acharam o mesmo do prémio de melhor do mundo atribuído a C. Ronaldo, aos quais há que acrescentar aqueles que defendem como solução para Portugal, a junção do nosso país a Espanha por razões económicas ou seja, por mero oportunismo económico.
Esta situação traz-me ao pensamento, os que se baldaram á guerra do ultramar com cunhas ou outras manigâncias, que conduziam a estadas nas cidades das colónias (sem tiros como é evidente), e que vieram depois a criticar a entrega das colónias; e faz-me lembrar também aqueles que se acomodaram, ou fugiram, ou até apanharam a onda, aquando dos desvarios da revolução.
Há certamente quem não se reveja nestes exemplos que acabo de citar; esses, embora não concordando com a sua opinião, merecem-me todo o respeito.
A arte é universal e há que respeitar todas as escolas.
As corridas do toureio a cavalo em Espanha são tituladas assim: “Corrida da Arte de Rejoneo”. Esta designação marca uma diferença, porque não é a mesma coisa cravar ferros compridos ou rojões. Um ferro comprido pior colocado normalmente não prejudica o toiro, ao passo que em iguais circunstâncias, um rojão normalmente prejudica, podendo mesmo inutilizá-lo além de que os rojões têm que ser postos entre as omoplatas (como afirmou o eng. Fernando Sommer), para preparar o toiro para a morte.
A sorte de matar marca sobremaneira a actuação dum cavaleiro em Espanha.
A alternativa em Espanha, é para rejonear e matar toiros a cavalo.
Quantos foram os cavaleiros, figuras no nosso país (Batista por exemplo), que passaram sem pena nem glória pelo país vizinho, por não saberem matar?
Sendo certo o que acabo de afirmar, é de todo natural que preste provas em Espanha todo aquele que por lá queira fazer carreira gorda, da mesma maneira que os nossos novilheiros por cá toureiam com matadores e se calhar algumas vezes melhor, mas têm que tomar em Espanha ou América Latina a alternativa, já que por cá não se mata.
No país vizinho a alternativa tem uma história recente, mas é um facto. Alinhar nessa nova ordem é natural, porque ainda que a corrida de rejoneio tenha aspectos semelhantes á nossa, não deixa de ser distinta.
Ter respeito por estas evidencias, não é crime de lesa “pátriataurina” e parece-me mesmo de bom tom…
Neste caso o chauvinismo artístico, espelha na minha opinião, ausência de respeito pela arte de rejoneio ou mesmo ignorância ou até menoridade cultural.
Um Doutorado em letras pela universidade de Coimbra, não o pode ser por Salamanca, Harvard ou Sorbonne , na equivalente faculdade dessas cidades?
Alguém está a ver um doutorado por Coimbra dizer que não presta provas em Harvard, porque a sua universidade é mais antiga que a Americana, ainda que aí haja um naco de ciência não explorado na nossa Lusa-Atenas?
Apontem-me um jovem cavaleiro que recusasse a alternativa em Madrid com Pablo e Ventura, ? Haverá algum?!
Em Portugal copiam-se coisas da “Festa Espanhola”, Portas Grandes, festas de promoção do toureio a pé (quando não se faz o mesmo ao nosso toureio a cavalo e aos forcados como se faz em Atarfe), os artistas romperem praça depois da corrida etc, etc, etc… e a ninguém parece mal…. ainda que alguns destes exemplos, e outros há, sejam na minha opinião, enxertos por vezes de gosto duvidoso.
Há coisas mais importantes para discutir e muitas mais coisas a criticar, como o não uso de rabicheiras nos cavalos, o abuso de martingalas que leva á ideia de serem os cabos de aço ( peitoral e focinheira) parte integrante do arreio á portuguesa, etc …
Reconhecer a identidade artística dos outros é um acto de respeito e nobreza, porque ninguém nem nenhum país é dono da arte, seja ela qual fôr.
Força Miguel, e muita sorte.