MANIFESTO DA DIRECÇÃO: Este blogue “www.sortesdegaiola.blogspot.com”, tem como objectivo primordial só noticiar, criticar ou elogiar, as situações que mais se distingam em corridas, ou os factos verdadeiramente importantes que digam respeito ao mundo dos toiros e do toureio, dos cavalos e da equitação, com total e absoluta liberdade de imprensa dos nossos amigos cronistas colaboradores.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Porque está a levantar celeuma, a possivel Alternativa de Miguel Moura em Madrid????...



Sei de antemão que haverá com certeza quem não concorde, mas não podia deixar de dizer o que penso sobre o assunto da mesma maneira que não calo nunca aquilo sinto e penso, aliás já o fiz com Manuel Lupiu e João Ribeiro Telles Jr.


“Não há machado que (me) corte a raiz ao pensamento….”

Todos os que me conhecem, sabem bem a admiração que sempre tive pelo “rejoneo”, como sabem que já há muitos anos previ o “Boom” que a arte de rejonear veio a ter nestes últimos anos. Para confirmá-lo basta ler um artigo meu publicado no "FARPAS" há 10 anos (antes de P. H. Mendonça e Ventura), titulado assim: “Boom do rejoneo”.

O que escrevi fi-lo fundamentando-o; o que me replicaram teve como único fundamento a nossa antiguidade - bem discutível aliás -, presa a um patriotismosito que não se manifesta noutros aspectos desta arte como referi, e muito menos nas coisas mais sérias.

Possivelmente alguns dos que não concordaram comigo, acharam a atribuição do prémio “Nobel” a Saramago banal e mesmo injusto, tal como acharam o mesmo do prémio de melhor do mundo atribuído a C. Ronaldo, aos quais há que acrescentar aqueles que defendem como solução para Portugal, a junção do nosso país a Espanha por razões económicas ou seja, por mero oportunismo económico.

Esta situação traz-me ao pensamento, os que se baldaram á guerra do ultramar com cunhas ou outras manigâncias, que conduziam a estadas nas cidades das colónias (sem tiros como é evidente), e que vieram depois a criticar a entrega das colónias; e faz-me lembrar também aqueles que se acomodaram, ou fugiram, ou até apanharam a onda, aquando dos desvarios da revolução.

Há certamente quem não se reveja nestes exemplos que acabo de citar; esses, embora não concordando com a sua opinião, merecem-me todo o respeito.

A arte é universal e há que respeitar todas as escolas.

As corridas do toureio a cavalo em Espanha são tituladas assim: “Corrida da Arte de Rejoneo”. Esta designação marca uma diferença, porque não é a mesma coisa cravar ferros compridos ou rojões. Um ferro comprido pior colocado normalmente não prejudica o toiro, ao passo que em iguais circunstâncias, um rojão normalmente prejudica, podendo mesmo inutilizá-lo além de que os rojões têm que ser postos entre as omoplatas (como afirmou o eng. Fernando Sommer), para preparar o toiro para a morte.

A sorte de matar marca sobremaneira a actuação dum cavaleiro em Espanha.

A alternativa em Espanha, é para rejonear e matar toiros a cavalo.

Quantos foram os cavaleiros, figuras no nosso país (Batista por exemplo), que passaram sem pena nem glória pelo país vizinho, por não saberem matar?

Sendo certo o que acabo de afirmar, é de todo natural que preste provas em Espanha todo aquele que por lá queira fazer carreira gorda, da mesma maneira que os nossos novilheiros por cá toureiam com matadores e se calhar algumas vezes melhor, mas têm que tomar em Espanha ou América Latina a alternativa, já que por cá não se mata.

No país vizinho a alternativa tem uma história recente, mas é um facto. Alinhar nessa nova ordem é natural, porque ainda que a corrida de rejoneio tenha aspectos semelhantes á nossa, não deixa de ser distinta.

Ter respeito por estas evidencias, não é crime de lesa “pátriataurina” e parece-me mesmo de bom tom…

Neste caso o chauvinismo artístico, espelha na minha opinião, ausência de respeito pela arte de rejoneio ou mesmo ignorância ou até menoridade cultural.

Um Doutorado em letras pela universidade de Coimbra, não o pode ser por Salamanca, Harvard ou Sorbonne , na equivalente faculdade dessas cidades?
Alguém está a ver um doutorado por Coimbra dizer que não presta provas em Harvard, porque a sua universidade é mais antiga que a Americana, ainda que aí haja um naco de ciência não explorado na nossa Lusa-Atenas?

Apontem-me um jovem cavaleiro que recusasse a alternativa em Madrid com Pablo e Ventura, ? Haverá algum?!

Em Portugal copiam-se coisas da “Festa Espanhola”, Portas Grandes, festas de promoção do toureio a pé (quando não se faz o mesmo ao nosso toureio a cavalo e aos forcados como se faz em Atarfe), os artistas romperem praça depois da corrida etc, etc, etc… e a ninguém parece mal…. ainda que alguns destes exemplos, e outros há, sejam na minha opinião, enxertos por vezes de gosto duvidoso.

Há coisas mais importantes para discutir e muitas mais coisas a criticar, como o não uso de rabicheiras nos cavalos, o abuso de martingalas que leva á ideia de serem os cabos de aço ( peitoral e focinheira) parte integrante do arreio á portuguesa, etc …

Reconhecer a identidade artística dos outros é um acto de respeito e nobreza, porque ninguém nem nenhum país é dono da arte, seja ela qual fôr.

Força Miguel, e muita sorte.