Ensaio sobre o maquiavelismo de alguns e a cegueira de
todos os outros
Por definição aqueles que se interessam por toiros,
cavalos, costumes e tradições constituem uma minoria de primitivos imbecis,
atrasados e “reaccionários”, como certifica outra minoria de imbecis
manipulados, que foram convencidos de
que são progressistas.
Entre uns e outros vegeta uma
esmagadora maioria de multidões indiferentes a quase tudo o que não seja tentar
sobreviver, e evitar pensar em coisas ainda mais incómodas do que os seus
problemas quotidianos, para evitar uma depressão ainda maior. A estas multidões
serve-se uma informação filtrada e orientada, nos intervalos do futebol, dos
reallity shows, dos concursos e das novelas. Á força de constarmos esta
realidade acabámos por a achar natural.
As coisas são assim. Mas
porque é que são assim?
Porque é que nos esquecemos
tão resignada e passivamente de que a esquerda esclarecida, que então existia e agia, considerava como
ALIENAÇÃO DO POVO as doses massivas de
Fátima fado e futebol com que os salazarentos atafulhavam os bestuntos da
carneirada dócil?
Não estou minimamente convicto de que o facto de amarmos os costumes e as tradições nos inclua automaticamente numa minoria de primitivos imbecis.