Bolos de anos
Celebrar uma data importante com direito a guloseimas tem sua provável origem nas festas de culto aos deuses da Antiguidade.
Temos que agradecer à deusa Ártemis, celebrada pelos gregos como a matrona da fertilidade, pelo aparecimento do bolo de aniversário.
Há especialistas que defendem outra teoria. Segundo ela, a tradição surgiu na Alemanha medieval, onde se costumava preparar uma massa de pão doce no formato do menino Jesus no Natal. Depois essa guloseima seria adaptada para a comemoração do aniversário de crianças.
Já o uso de velas teria sido herdado do culto aos deuses antigos, tendo o fogo destas a missão de levar, por meio da fumaça, os desejos e as preces dos fiéis até o céu, para que eles fossem atendidos.
Nos dias de hoje ninguém aprecia verdadeiramente comer os “bolos de anos”, eles aparecem depois de uma refeição melhorada e normalmente apresentam-se vulgaríssimos produtos de pastelaria de capa branca ou mais ou menos colorida, com bonecos mais ou menos idiotas e uns dizeres banais, do tipo: “ PARABÈNS ou FELIZ ANIVERSÀRIO.
No fim das festas de anos encontra-se sempre os pratos abandonados , com fatias intocadas, com meia fatia, um quarto, um quinto, etc., e a estas variantes temos que juntar aqueles convidados que se enchem de coragem e dizem: “Não quero, muito obrigado”. Há ainda o caso dos que aceitam a famigerada fatia e a compartem com as mulheres ou com os filhos e os mentirositos que depois de mamarem, mousse de manga, gelado e pudim á tromba estendida, dizem: “Gostava mas não posso por causa dos diabetes”.
Resumindo, ninguém é contra os “bolos de anos” mas ninguém é apaixonado por eles.
Com todas estas variantes atrás citadas faço agora um certo paralelismo com o mundo do touro.
Há de facto toureiros que são como os bolos de anos, ninguém desgosta deles sobremaneira, mas também ninguém gosta deles á séria e poucos os repudiam.
Com as empresas passa-se o mesmo, há as que montam carteis vulgares que o pessoal papa sem entusiasmo, e as que o fazem de modo a entusiasmar os aficionados.
A
essência da vulgaridade está na falta de sabores diferentes,
“esquisitos” como dizem os Espanhois.
Quem não sabe fazer
nada de original, caso seja artista, deve ser incluído no número
das pessoas vulgares, que a partir de hoje para mim, passam a ser
denominadas “bolos de anos”.
Na vida cumpre ser herói ou santo. No termo médio não está a sabedoria mas sim a vulgaridade." Disse (Oswald Spengler)
"A essência da vulgaridade está na falta de sensibilidade. Disse (John Ruskin).
A imaginação é mais importante que o conhecimento seja ele artístico ou letrado, se não fosse assim António Aleixo não tinha sido quem foi.
Os artistas “bolos de anos” existem mas era importante que se tornassem apetecíveis.
As empresas que montam carteis vulgares, sem imaginação, empresas “bolos de anos”, deviam arrepiar caminho, para seu próprio bem e para bem dos aficionados e da “Festa”.