Este artigo nada tem que ver com o mundo dos toiros, o seu autor é mesmo um antitaurino assumido, no entanto, pelo seu refinado humor e porque se trata de criticar o presidente da república Portuguesa que nada fez pela tauromaquia (fugindo sempre dela a quatro pés ...) decidimos publicá-lo.
“La enceracion del coño Aníbal"
Aníbal Cavaco e Silva, o 1º Presidente pensionista de uma república europeia, apresta-se, perante a perplexidade comatosa de milhares de portugueses e a ecuménica indiferença de “nuestros hermanos” - etarras, franquistas, republicanos, anarquistas, aficionados, juízes do supremo tribunal de Espanha, Baltasar Garzón… - para integrar o acervo do Museo de Cera de Madrid…
De acordo com a site oficial da instituição, o boneco de Cavaco dará entrada no museu, de cambulhada com o da cantora Shakira e o de Mariano Rajoyl…
Apiedemo-nos, desde logo, da pobre artista colombiana, genuína filantropa, que, ao ver-se escoltada por duas “velas de cemitério”, tudo fará para “se pôr com os favos de fora” do museu, sob pena de, num severo fenómeno de osmose paranormal, ver a sua veia criadora e a simpatia definharem e o seu bamboleante par de ancas gripar, emanilhando-se (ie assumindo a fisionomia e a tonelagem de uma manilha de saneamento).
Os técnicos do museu, aparentemente resignados e revelando um profissionalismo exemplar, começaram já a moldar réplicas dos adereços que fidedigna e exclusivamente caracterizam o dignitário cinzentão. Segundo Gonzalo Presa Hidalgo, responsável do museu:
“Cavaco Silva, embevecido, comovido e deleitado, cedeu já aos nossos artistas encarregues da obra:
. uma fatia de bolo-rei mal cozido (um memorial à sua fratricida contenda com a deglutição);
. a sua imaculada ficha da PIDE (prova cabal da sua subserviência, colaboração com o regime e excelsa educação);
. o farfalhudo bigode de Dias Loureiro (num tributo ao seu confessor de eleição).”
Ao olhar-se para Cavaco sapiens, o verdadeiro, em pele - tiques, trejeitos, maneios – e osso, pele lustrosa essa (entre o encerado e o oleado), cuja resplandecência é potenciada pela sua congénita postura de apagador de velas, dir-se-ia estarmos na presença da uma das mais pleonásticas iniciativas, de âmbito museológico, jamais levadas a cabo. É que, mais redundante que uma lata de tinta no Louvre, uma folha de latão no museu do brinquedo, uma peça de fazenda no museu nacional do traje ou um saco de areia no museu do vidro, só mesmo Cavaco no museu de cera…
Qual, então, o propósito de tão absurdo convite? Terão os diretores do museu de cera ensandecido, visando transformá-lo num museu de aberrações (estando já prevista, a submersão de “Aníbal Lecter Wax” em formol)? Ou pretenderão, tão somente, revelando excrescências expansionistas que subsistem anacronicamente, no quadro de uma europa há muito pacificada, insultar a memória do poeta Luís Vaz de Camões - até ao momento o único português agrilhoado no museu – em virtude de o seu talento exceder largamente o do sofrível Cervantes? (perante a medíocre dimensão cultural e a “deserudição” do compatriota Cavaco, o poeta preferiria, certamente, que um nativo lhe vazasse o olho saudável, com uma cartuchada de sal)? Há quem garanta, no entanto, estar-se, apenas, na presença de um monumental equívoco sendo o verdadeiro destino do “Colmeias de Boliqueime” o Museu dos Coches, local onde a sua delicada fisionomia de cabide e a sua cabotina sobriedade protocolar – mais artificial que um sortido de arranjos florais kitsch de plástico - o transformariam na mais visitada das “carroças”.
Afastada a hipótese - a bem das relações entre os dois países - de que a “espanholada” pretenda, tão somente, ridicularizar o Conselho de Estado, pondo os seus membros, uma vez convocados extraordinariamente, a rumar, ao engano, a Madrid, uma vez lhes ser impossível distinguir o original Cavaco do seu homozigótico siamês de cera (acabadinho de separar pelo Gentil Martins, o “corta a eito”), pouco mais nos resta, hélas, do que chegar a conclusão nenhuma…
O museu de Cera de Fátima, esse, expressou já o seu desalento, uma vez que se ter visto privado de um putativo curador auto diegético, de elevadíssima tarimba… É que o beato Cavaco ter-se-ia já mostrado disponível (uma vez regressado à vida activa), para “assombrar” esse macabro espaço de fé, assumindo a responsabilidade pela conceção, montagem e supervisão das exposições residentes e itinerantes podendo, a qualquer momento (e no caso de um dos pastorinhos "ir com os porcos", após derreter - vitimado pela deficiente dissipação de calor proveniente da gambiarra rabeadora que, no cenário das aparições psicadélicas, desempenha o papel de “sol bailarino”) transformar-se na sua “cera metade”, bastando, para tal, pôr em prática as técnicas de transformismo/imobilismo apreendidas em estágios, ministrados por Chapitôs/rastafáris, oportunamente realizados no bairro Gótico/Ramblas, em Barcelona.
Assim como assim, parabéns Cavaco!
O seu admirador incondicional,
Raúl Paulo (pseudónimo)