"Suspeito de matar violador de animais é o dono de burro sodomizado e sempre clamou inocência. Foi agora detido.
Esta foto ilustrava a notícia. Já viram o olhar do burro ??? |
A Judiciária de Coimbra deteve na noite de quarta-feira o suspeito da morte de Jaime Pires do Ó, o homem de Proença-a-Velha, 68 anos, conhecido como "Jaime Ovelha" por alegadamente violar ovelhas e galinhas. Ao que o DN apurou, o suspeito do crime, ocorrido no dia 19 de Setembro, é o dono de um burro que no início do mês tinha sido sodomizado com um pau.
O acto foi imediatamente atribuído a "Jaime Ovelha" e tocou especialmente a José Gomes Pinto, 55 anos, que, na altura e em declarações à comunicação social, assumia a sua revolta. "Se cá estivesse naquela altura, se calhar, tinha--lhe dado uma lição. Mas não estava. Só regressei dois dias antes de o matarem. Eu nem o cheguei a ver", afiançava, clamando inocência e enumerando as qualidades do burro Russo. "Sei que sou suspeito porque já fui ouvido duas vezes pelos inspectores da Judiciária. Na primeira vez até me pediram a roupa que usei no domingo (dia 19). Dei-lhes tudo. Estou à vontade. Não fiz nada", garantia.
Contudo, "os fortes indícios" e provas que a PJ foi recolhendo indiciam o contrário, apesar de as autoridades acreditarem que o crime não tenha sido premeditado. Ao que tudo indica, o suspeito terá ferido "Jaime Ovelha" durante uma conversa que teria como objectivo ameaçá-lo. O homem terá usado uma navalha para o efeito e acabou por ferir a vítima no peito. Esta ainda tentou pedir ajuda mas acabou por cair a menos de 30 metros de casa. Foi encontrado numa poça de sangue, só com roupa íntima de senhora e uns chinelos.
Ninguém estranhou pois estavam habituados a vê-lo assim. Aliás, na aldeia e apesar de todos negarem que o homicida estivesse entre os habitantes (PJ chegou a temer pacto de silêncio), era claro que poucos lamentavam a sua morte. Sabe-se que terá violado o primeiro animal (uma ovelha) aos 12 anos. Casou e foi viver para Lisboa, onde foi coveiro e bombeiro. Após o divórcio regressou à aldeia e passaram a ser-lhe atribuídos actos sexuais com galinhas. De uma vez terá atacado mais de 30 e o assunto até foi discutido na assembleia de freguesia. Também cumpriu pena por violar uma idosa.
Quando saiu da cadeia regressou à aldeia. Vivia na miséria apesar da reforma (obtida com a ajuda de um habitante da aldeia) e das ajudas do pároco. O corpo esteve uma semana por reclamar. Foi a irmã que tratou do funeral. "
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Cara Catarina Canotilho:
Muito boa noite e parabéns... Só hoje tive o prazer de regalar as pupilas com um delicioso texto noticioso da sua autoria:
"Proença-a-Velha
Matou homem que sodomizou o seu burro
Suspeito de matar violador de animais é o dono de burro sodomizado e sempre clamou inocência. Foi agora detido.”
Permita-me que lhe diga que Catarina revela, como jornalista, um profissionalismo notável, ao lograr alhear-se da tragicidade dos acontecimentos relatados na presente notícia, o que lhe permite dar, ab initio, um cunho muito pessoal a tão insólitos factos.
A observação do pormenor, a indiferença e a impassibilidade do narrador dominam, na mais fidedigna linha da escola realista, o desassombrada narração com que nos presenteia. Assim, e apesar de um pobre animal, um burro, justamente, ter visto o traseiro ser-lhe “esgaçado”, à saciedade, com um pontiagudo pau, por Jaime Pires do Ó, vulgo “Jaime Ovelha”, a Catarina tem a preocupação de ressalvar, desde logo, as qualidades do burro Russo, ilibando o pobre animal de quaisquer culpas no cartório/"enrabatório".
Revela-nos, em seguida, que o suspeito sodomizador, foi apunhalado e “encontrado numa poça de sangue, só com roupa íntima de senhora e uns chinelos, mas que ninguém estranhou pois estavam habituados a vê-lo assim.”. Quer o leitor queira quer não, em Proença-a-Nova - Cidade Juarez da Beira Alta - jazem na rua inúmeros cadáveres a boiar em poças de sangue, cenário dantesco que uma Catarina Canotilho nos dá a conhecer de forma desassombrada.
Presenteia-nos, também, a Catarina, e ainda influenciada por tão marcante corrente literária, com diversas reflexão e análises ao longo da notícia. O passado de Jaime Ovelha, que a Catarina cuidadosamente investigou/dissecou: ”Sabe-se que terá violado o primeiro animal (uma ovelha) aos 12 anos. Casou e foi viver para Lisboa, onde foi coveiro e bombeiro.”, elucidam, de forma inequívoca, o leitor relativamente ao móbil das práticas de “prospecção anal” de Jaime Ovelha, integralmente justificadas, frize-se, pelo seu abonatório passado profissional de coveiro e bombeiro. Já a sua alcunha, “Jaime Ovelha”, decorrerá, certamente, do primeiro animal desflorado pelo ainda petiz Pires do Ó.
Socorrendo-se, desta feita, de uma outra corrente literária – o romantismo – algo que revela, de forma inequívoca, a sua avassaladora bagagem cultural - a Catarina dá largas à sua imaginação e sensibilidade, dizendo-nos que “Após o divórcio regressou à aldeia e passaram a ser-lhe atribuídos actos sexuais com galinhas. De uma vez terá atacado mais de 30 e o assunto até foi discutido na assembleia de freguesia. Também cumpriu pena por violar uma idosa.”
A Catarina dá-nos a conhecer, aqui,e muito pertinentemente, não a sua repulsa por idosas mas tão somente a sua simpatia por galinhas/animais, indignando-se com a mega-enrabadela de uma capoeira-duplex (30 galinhas, é obra!), o que mereceu, de forma assaz injusta, parca atenção por parte dos nativos, e jamais empolando/destacando a sodomia de uma idosa (certamente laça e desejosa de tal “esfregadela”) bem como a correspectiva pena a que o pobre “Ovelha” foi condenado por tal acto. Um hino à isenção!
Fazendo votos para que a Catarina continue a presentear-nos com nacos de jornalismo memoráveis, que espelham de forma imaculada e insuspeita - ie rejeitando qualquer réstia de ficcionismo e/ou empolamento – a mais cruel e improvavél das realidades - o que o leitor desde já agradece - despeço-me com saudações jornalísticas,
César Mouzinho , um colega à disposição