MANIFESTO DA DIRECÇÃO: Este blogue “www.sortesdegaiola.blogspot.com”, tem como objectivo primordial só noticiar, criticar ou elogiar, as situações que mais se distingam em corridas, ou os factos verdadeiramente importantes que digam respeito ao mundo dos toiros e do toureio, dos cavalos e da equitação, com total e absoluta liberdade de imprensa dos nossos amigos cronistas colaboradores.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Não tem nada a ver com toiros, mas é notícia do DN é digna de ser lida, tal como a resposta do nosso amigo dos pseudónimos...

"Suspeito de matar violador de animais é o dono de burro sodomizado e sempre clamou inocência. Foi agora detido.

Matou homem que sodomizou o seu burro
Esta foto ilustrava a notícia. Já viram o olhar do burro ???


A Judiciária de Coimbra deteve na noite de quarta-feira o suspeito da morte de Jaime Pires do Ó, o homem de Proença-a-Velha, 68 anos, conhecido como "Jaime Ovelha" por alegadamente violar ovelhas e galinhas. Ao que o DN apurou, o suspeito do crime, ocorrido no dia 19 de Setembro, é o dono de um burro que no início do mês tinha sido sodomizado com um pau.
O acto foi imediatamente atribuído a "Jaime Ovelha" e tocou especialmente a José Gomes Pinto, 55 anos, que, na altura e em declarações à comunicação social, assumia a sua revolta. "Se cá estivesse naquela altura, se calhar, tinha--lhe dado uma lição. Mas não estava. Só regressei dois dias antes de o matarem. Eu nem o cheguei a ver", afiançava, clamando inocência e enumerando as qualidades do burro Russo. "Sei que sou suspeito porque já fui ouvido duas vezes pelos inspectores da Judiciária. Na primeira vez até me pediram a roupa que usei no domingo (dia 19). Dei-lhes tudo. Estou à vontade. Não fiz nada", garantia.
Contudo, "os fortes indícios" e provas que a PJ foi recolhendo indiciam o contrário, apesar de as autoridades acreditarem que o crime não tenha sido premeditado. Ao que tudo indica, o suspeito terá ferido "Jaime Ovelha" durante uma conversa que teria como objectivo ameaçá-lo. O homem terá usado uma navalha para o efeito e acabou por ferir a vítima no peito. Esta ainda tentou pedir ajuda mas acabou por cair a menos de 30 metros de casa. Foi encontrado numa poça de sangue, só com roupa íntima de senhora e uns chinelos.
Ninguém estranhou pois estavam habituados a vê-lo assim. Aliás, na aldeia e apesar de todos negarem que o homicida estivesse entre os habitantes (PJ chegou a temer pacto de silêncio), era claro que poucos lamentavam a sua morte. Sabe-se que terá violado o primeiro animal (uma ovelha) aos 12 anos. Casou e foi viver para Lisboa, onde foi coveiro e bombeiro. Após o divórcio regressou à aldeia e passaram a ser-lhe atribuídos actos sexuais com galinhas. De uma vez terá atacado mais de 30 e o assunto até foi discutido na assembleia de freguesia. Também cumpriu pena por violar uma idosa.
Quando saiu da cadeia regressou à aldeia. Vivia na miséria apesar da reforma (obtida com a ajuda de um habitante da aldeia) e das ajudas do pároco. O corpo esteve uma semana por reclamar. Foi a irmã que tratou do funeral. "
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Cara Catarina Canotilho:


Muito boa noite e parabéns... Só hoje tive o prazer de regalar as pupilas com um delicioso texto noticioso da sua autoria:

"Proença-a-Velha



Matou homem que sodomizou o seu burro

Suspeito de matar violador de animais é o dono de burro sodomizado e sempre clamou inocência. Foi agora detido.”

Permita-me que lhe diga que Catarina revela, como jornalista, um profissionalismo notável, ao lograr alhear-se da tragicidade dos acontecimentos relatados na presente notícia, o que lhe permite dar, ab initio, um cunho muito pessoal a tão insólitos factos.

A observação do pormenor, a indiferença e a impassibilidade do narrador dominam, na mais fidedigna linha da escola realista, o desassombrada narração com que nos presenteia. Assim, e apesar de um pobre animal, um burro, justamente, ter visto o traseiro ser-lhe “esgaçado”, à saciedade, com um pontiagudo pau, por Jaime Pires do Ó, vulgo “Jaime Ovelha”, a Catarina tem a preocupação de ressalvar, desde logo, as qualidades do burro Russo, ilibando o pobre animal de quaisquer culpas no cartório/"enrabatório".

Revela-nos, em seguida, que o suspeito sodomizador, foi apunhalado e “encontrado numa poça de sangue, só com roupa íntima de senhora e uns chinelos, mas que ninguém estranhou pois estavam habituados a vê-lo assim.”. Quer o leitor queira quer não, em Proença-a-Nova - Cidade Juarez da Beira Alta - jazem na rua inúmeros cadáveres a boiar em poças de sangue, cenário dantesco que uma Catarina Canotilho nos dá a conhecer de forma desassombrada.

Presenteia-nos, também, a Catarina, e ainda influenciada por tão marcante corrente literária, com diversas reflexão e análises ao longo da notícia. O passado de Jaime Ovelha, que a Catarina cuidadosamente investigou/dissecou: ”Sabe-se que terá violado o primeiro animal (uma ovelha) aos 12 anos. Casou e foi viver para Lisboa, onde foi coveiro e bombeiro.”, elucidam, de forma inequívoca, o leitor relativamente ao móbil das práticas de “prospecção anal” de Jaime Ovelha, integralmente justificadas, frize-se, pelo seu abonatório passado profissional de coveiro e bombeiro. Já a sua alcunha, “Jaime Ovelha”, decorrerá, certamente, do primeiro animal desflorado pelo ainda petiz Pires do Ó.

Socorrendo-se, desta feita, de uma outra corrente literária – o romantismo – algo que revela, de forma inequívoca, a sua avassaladora bagagem cultural - a Catarina dá largas à sua imaginação e sensibilidade, dizendo-nos que “Após o divórcio regressou à aldeia e passaram a ser-lhe atribuídos actos sexuais com galinhas. De uma vez terá atacado mais de 30 e o assunto até foi discutido na assembleia de freguesia. Também cumpriu pena por violar uma idosa.”

A Catarina dá-nos a conhecer, aqui,e muito pertinentemente, não a sua repulsa por idosas mas tão somente a sua simpatia por galinhas/animais, indignando-se com a mega-enrabadela de uma capoeira-duplex (30 galinhas, é obra!), o que mereceu, de forma assaz injusta, parca atenção por parte dos nativos, e jamais empolando/destacando a sodomia de uma idosa (certamente laça e desejosa de tal “esfregadela”) bem como a correspectiva pena a que o pobre “Ovelha” foi condenado por tal acto. Um hino à isenção!

Fazendo votos para que a Catarina continue a presentear-nos com nacos de jornalismo memoráveis, que espelham de forma imaculada e insuspeita - ie rejeitando qualquer réstia de ficcionismo e/ou empolamento – a mais cruel e improvavél das realidades - o que o leitor desde já agradece - despeço-me com saudações jornalísticas,

César Mouzinho , um colega à disposição