Tornei-me refractário á vulgarização dos prémios nas corridas de toiros, depois de por várias vezes ter feito parte de vários júris.
A principal razão reside no facto de não haver um critério baseado em vários itens, como acontece na patinagem artística por exemplo, e como tal serem completamente aleatórias as opiniões de cada um.
A Arte não é quantificável, digo eu…
Navegando nestas águas primeiras deste preambular início de crónica, quero lembrar que me parece que a malta está farta de Prémios para a melhor pega, prémios para a melhor lide etc.
Para quem faz parte de um júri, há sempre um problema que reside no facto de premiar nas pegas ou nas lides dos cavaleiros, o espectacular em detrimento do tecnicamente perfeito que muitas vezes passa ao lado do grande público, ou vice-versa.
Acabar uma corrida com uma parte do público a assobiar, é feio e desagradável, e será frustrante para os artistas premiados e para os que sabem que mereciam os prémios, como é o caso, por exemplo, dos forcados que não adiantaram as mãos, que estiveram bem com os toiros e que em consequência lhes tiraram a maldade; serem preteridos por outros que a única coisa boa que fizeram foi agarrar-se ao toiro que bateu de forma mais espectacular.
A vulgarização dos prémios nas corridas, traz-me á ideia a vulgarização dos concursos de “misses” que percorreu o País há uns anos atrás . Na praia da figueira, por exemplo, havia o concurso de miss piscina, miss Espanha no casino ( exclusivo para banhistas espanholas), miss casino e miss praia. Em qualquer vila havia uma eleição sem critérios, em que no júri havia preferências pelos olhos, pela cara, pelo busto, pela perna ou pelo rabo, o que levava a que a eleita acabasse muitas vezes a ser assobiada e a borrar a cara e os olhos pintados para o efeito, numa consequência deprimente.
Fui júri de alguns desses concursos e lembro-me de “misses” quase horríveis na minha opinião mas que beneficiaram do facto de haver no júri quem preferisse uma carinha laroca em detrimento de uma perna bem feita ou vice-versa.
Pelo exposto concluo que :”Hoje os concursos de “misses” são parolos e os prémios
nas corridas também”.
João Cortesão
''Cinderela Miss Contest'' Programa Norte Americano onde o próprio nome pressupõe o objectivo do program. |