Ó Costa, estás á pega... |
O dono da empresa "Razão - Produções", responsável pela tourada com anões que a Câmara Municipal de Viana indeferiu o mês passado garante que se a corrida de touros prevista para domingo for mesmo avante irá recorrer ao tribunal para ser ressarcido dos prejuízos que estima em cerca de dois mil euros.
Em declarações ao PÚBLICO, José Razão adiantou que irá mover o processo judicial "logo que tenha a certeza da realização da tourada", que a Prótoiro quer promover no domingo, durante as Festas da Agonia. O empresário afirmou ainda que, caso se concretize a possibilidade de recurso aos tribunais, contará com o apoio jurídico "dos advogados da Prótoiro", disponibilizado, "logo após o indeferimento da corrida com anões", que a "Razão - Produções" chegou a anunciar para o passado dia 22 na freguesia de Mazarefes, na margem esquerda do rio Lima.
"Eles contactaram-me logo que a câmara recusou o nosso pedido para a instalação de uma praça amovível. Disseram-me que podia avançar para tribunal que eles estariam lá para me defender", explicou José Razão. O responsável da empresa, com sede em Barcelos desde 2001, afirmou que "alguém terá que pagar os prejuízos" tanto mais, argumentou, que "não se tratava de uma tourada tradicional" mas apenas uma "garraiada" para "pura diversão" e "para fazer rir o público".
É mais uma acha para a polémica instalada nos últimos dias em Viana e que poderá ganhar outros contornos com a instalação, prevista para hoje, da praça amovível, com 3300 lugares, que a Prótoiro quer montar na veiga de Areosa. A Federação Portuguesa das Associações Taurinas diz ter autorização do Tribunal Administrativo e Fiscal de Braga, apesar da Câmara já ter remetido um recurso, com carácter de urgência na tentativa de travar a providência cautelar que suspendeu o indeferimento municipal.
"Estamos em crer que a instalação deverá arrancar esta quarta-feira e se estivermos num Estado de Direito, no dia 19 de Agosto há corrida de touros em Viana do Castelo", afirmou Diogo Costa Monteiro.
Para o presidente da comissão executiva da Prótoiro, o argumento invocado pela Câmara, a alegada violação do PDM, "só vem provar que a autarquia têm consciência da ilicitude da deliberação que declarou o município antitouradas", tendo chamado "associações animalistas de Lisboa para o ajudarem".
Diogo Monteiro diz que a Prótoiro "continua sem saber que normas é que a Federação violou" dos vários instrumentos de ordenamento do território que o município diz estarem a ser colocados em causa. "É questão para perguntar: se a corrida for noutro terreno, será autorizada? É que nós temos outros terrenos", adiantou. Para este responsável, o autarca socialista José Maria Costa "está completamente desgovernado e desorientado, num histerismo inacreditável. Um presidente de Câmara não tem mais nada que fazer senão proibir touradas?", questionou.
A controvérsia política e social que a abolição de touradas gerou em Viana em 2009, quando a maioria socialista, então liderada por Defensor Moura, aprovou a declaração antitouradas, renasceu agora. E o CDS quer mesmo que a questão seja esclarecida em referendo municipal. Aristides Sousa admitiu que o momento que o país atravessa "não é o ideal" para "andar a desperdiçar dinheiro", mas neste caso "fala mais alto" o "negar de uma tradição com atitudes unilaterais". Tal como em 2009, Sousa reiterou o direito de escolha dos aficionados do concelho.
Na altura, os vereadores do PSD votaram contra a deliberação por, além de ser "demagógica" era "inconstitucional". Passados três anos, o social-democrata António Carvalho Martins reafirma o que afirmou na altura: "é uma decisão que extravasava as competências do executivo". O social-democrata que já foi Governador Civil lamentou a "tourada em que está envolvida a cidade" que, nota, por estes dias, deveria ser notícia na comunicação social apenas por causa das Festas da Agonia.