Como não podia deixar de ser, dado o respeito que temos pelas critícas, tinhamos de publicar esta carta do sr. Emílío Vidigal a propósito da critica á corrida de Albufeira da semana passada, tal como publicamos todas as critícas relevantes que nos são feitas em termos correctos.
Como o atingido nas critícas é o nosso chefe de redação João Cortesão, este fez questão de responder, o que acontecerá durante o dia de hoje.
António Costa
Aceito as regras da direcção do ora identificado como “Sortes de Gaiola”, V/Exª é livre de publicar ou não, aquilo que me vai na alma.
Li com atenção a crónica e a crítica, publicada acerca da Corrida TV, realizada em Albufeira em 2012-08-08. Concordei e discordei de alguns comentários, percebi alguma malvadez, e muito servilismo nalgumas afirmações, mas como conheço alguma coisa destes meandros, dei pouca importância e entendi tudo como “mais do mesmo”.
Não fora o facto do “Sortes de Gaiola”, voltar hoje (2012-14-08) ao assunto, para mim e depois de um fim-de-semana tão intenso em corridas e crónicas, o tema e a concordância /discordância estariam para mim ultrapassadas.
Permito-me fazer os seguintes comentários que desde já reconheço, V/Exª tem todo o direito de publicar ou não, uma coisa fica registada, eu não me chamo “Solange Pinto”, e não vou alimentar o triste espectáculo que o Sr. Cortesão (com falta de cortesia alimentou com a sua colega).
Os prémios às melhores lides a cavalo a pé e às melhores pegas, sempre existiram e são um aliciante extra, que mobiliza aficionados a frequentar as nossas praças de toiros. “ na boca do Sr. Cortesão são uma merda” . Eu discordo.
Frequento mais praças espanholas, do que portuguesas, em todas as grandes feiras taurinas, são disputadíssimos os mais variados troféus. Não consigo perceber a origem da afirmação do Sr. Cortesão, “ em Espanha não se disputam prémios”.
Gostava de perceber (segundo o Sr Cortesão) o que são, a ornamentação das vitrinas dos nossos ilustres toureiros, Victor Mendes, João Moura e João Cortes.
A história do padre e do sacristão, “metáfora segundo o Sr. Cortesão”, traz-me á memória outra metáfora, “a do Jornalista e a do jornaleiro”, uns escrevem segundo a sua intuição e marcam um estilo, outros escrevem à jorna, à linha e tal como qualquer asno, de acordo com a ração que recebem.
Atribuição dos prémios em Albufeira – O Sr. Cortesão faz uma série de comentários depreciativos, chegando a invocar gravidade dos factos, no relato das lides, premeia todos sem deixar transparecer quem devia ser premiado. Parece a Srª D. Rebimbas, dá flores a toda a gente. O Sr. José luís Cochicho, e o Sr. Virgílio Palma Fialho, Membros do Júri, decerto não perderão tempo a comentar estes incidentes, mas eu Emílio Vidigal, um forcado igual aos mais vulgares que pisaram as arenas, sinto-me orgulhoso de ter partilhado o Júri com tão ilustres figuras.
As dúvidas do Júri, desvaneceram-se após a lide do sexto toiro. Até ali, Luís Rouxinol e Felipe Redondo eram os vencedores. Após a lide de Tito Semedo, depois de três intensas horas de corrida, ainda estavam preenchidos mais de três quartos de praça, (deve ter sido nessa altura que o Sr. Cortesão ligou o televisor) ouviu-se a maior ovação da noite, que premiava uma actuação sem ferros descaídos nem passagens em falso. (Luís Rouxinol com uma grande actuação tinha registado uma passagem em falso e cravado um ferro ligeiramente descaído. Joel Zambujeiro, jovem cabo do Grupo de Cascais, efectua uma pega, que foi um verdadeiro hino á arte de pegar toiros, foram evidentes na execução os três tempos do toureio - Parar – Templar e Mandar.
O forcado Felipe Redondo, tinha efectuado uma pega muito rija e a um toiro difícil, mas o primeiro tempo parar e falar com o touro não foi marcado, tendo sido efectuado com auxílio do cabo e do peão de serviço. Refiro-me aos tempos do toureio, porque tive a honra de integrar o primeiro grupo de forcados que pisou a arena da Praça México. No dia seguinte um Jornalista de um periódico taurino, registava “ Los Forcados Lenharam lá México”. Pegar toros es igual que torear, ay que Parar Templar e Mandar”.
Segundo o Sr. Cortesão, Público – Três quartos de casa á vista, eu estive lá, vi as bancadas preenchidas, e tive a confirmação de que ficaram na bilheteira cerca de 200 bilhetes.
Para outras praças o Sr. Cortesão utiliza outro tipo de expressão, por exemplo: “Campo Pequeno, Corrida do Correio da Manhã”, bilhetes 2 em 1, O Sr. Cortesão relata “pouco público” , estavam 1200 pessoas na praça, deduzindo as ofertas a forcados e outros intervenientes devem ter sido vendidos 500 bilhetes.
Termino como comecei, só o facto do “Sortes de Gaiola” ter voltado ao assunto me levou a tecer estes comentários.
Devo dizer que considero pior a “emenda que o soneto”. Se a crónica já de si era uma falta de respeito, pelo Júri, pela Monumental de Albufeira (Dor de corno) e pelo Empresário, Ganadero e Matador de Toiros “Fernando dos Santos”, a carta ao Sr. Tito Semedo é um compêndio de servilismo, falta de nobreza e um acto de verdadeiro jornaleiro.
Com os meus cumprimentos Sr. Director António Costa, o tempo tudo cura, e o rico leque de colaboradores que o “Sortes de Gaiola “, tem, decerto que vai fazer esquecer este incidente, na minha opinião infeliz do Sr. Cortesão.
Emilio Vidigal