MANIFESTO DA DIRECÇÃO: Este blogue “www.sortesdegaiola.blogspot.com”, tem como objectivo primordial só noticiar, criticar ou elogiar, as situações que mais se distingam em corridas, ou os factos verdadeiramente importantes que digam respeito ao mundo dos toiros e do toureio, dos cavalos e da equitação, com total e absoluta liberdade de imprensa dos nossos amigos cronistas colaboradores.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Mais um excelente artigo de Manuel Peralta Godinho e Cunha

O passado e o presente





Quem não falou com um velho aficionado e lhe ouviu dizer que “dantes é que era”?

Parece ser mais ou menos comum que na opinião dos antigos aficionados tauromáquicos as referências ao passado, as recordações das grandes faenas são sempre melhores que as do presente e do futuro, não obstante as do futuro ainda não serem conhecidas, nem se saber se e quando serão realizadas.

O toiro, como é opinião generalizada nos meios taurinos, era mais pequeno, mais rápido, mais violento e investia com a cabeça mais alta, o que quer dizer que não humilhava. Era portanto, um toiro mais perigoso e menos lidável do que o actual.

As faenas tinham mais um cunho pessoal, menos escola. Diferentes de artista para artista e mais imprevisíveis.

Por, nesses tempos de antanho, não existirem transmissões televisivas ou estas serem raras, a distância entre o toureiro e o público era maior.

Por uma questão económica e maior dificuldade de transportes, muitos aficionados só viam as corridas na sua região.

A possibilidade de cumprimentar um toureiro nas imediações da Praça era para alguns como que uma recordação para toda a vida. O poder tocar na jaqueta do toureiro, era quase uma honra.

Quando não existiam fotógrafos na Praça ou eram uma singularidade, quando as técnicas fotográficas ainda estavam numa fase muito primitiva e as peliculas cinematográficas uma raridade, os momentos grandes e gloriosos iam passando rapidamente a mito, grandiosos cada vez mais na imaginação deste e daquele aficionado, principalmente quando se tratava de recordações de um toureiro que era o seu ídolo.

O toureiro e o ganadero estavam muito distantes do público em geral e as conversas de tertúlia reservadas só para alguns e em ambiente muito fechado.

A falta de alternativas ao espectáculo tauromáquico provocava um maior enfoque nos toureiros e a rivalidade criada à volta de duas figuras, como foi o caso de Joselito / Belmonte, alimentava as maiores paixões e colocava na porta da Praça e nas bilheteiras a indicação de que “não há bilhetes”.

Assim e com o rodar dos tempos, as discussões de aficionados na base das recordações e dos mitos terminou com a realidade do vídeo, que tudo regista e de vários ângulos, não permitindo cada um contar não só o que viu, como o que não chegou a ver e o que gostaria de ter visto.