MANIFESTO DA DIRECÇÃO: Este blogue “www.sortesdegaiola.blogspot.com”, tem como objectivo primordial só noticiar, criticar ou elogiar, as situações que mais se distingam em corridas, ou os factos verdadeiramente importantes que digam respeito ao mundo dos toiros e do toureio, dos cavalos e da equitação, com total e absoluta liberdade de imprensa dos nossos amigos cronistas colaboradores.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012


Vª Exª escreveu uma carta correcta, dirigida ao nosso director, mas porque sou o único visado, sou eu que vou responder ponto por ponto.
Aproveito para agradecer ás dezenas de leitores que manifestaram a sua concordância e o seu apoio.




“Exmº Director do www.sortesdegaiola.blogspot.com

1 - Aceito as regras da direcção do ora identificado como “Sortes de Gaiola”, V/Exª é livre de publicar ou não, aquilo que me vai na alma.

R – Quem nos conhece sabe bem que publicamos sempre as críticas que nos são feitas.

2 - Li com atenção a crónica e a crítica, publicada acerca da Corrida TV, realizada em Albufeira em 2012-08-08. Concordei e discordei de alguns comentários, percebi alguma malvadez, e muito servilismo nalgumas afirmações, mas como conheço alguma coisa destes meandros, dei pouca importância e entendi tudo como “mais do mesmo”.

R – Sou a informar que malvadez não é sinónimo de humor, quanto ao servilismo, ao ler a sua carta, vê-se que o senhor sabe o que é…

3 - Não fora o facto do “Sortes de Gaiola”, voltar hoje (2012-14-08) ao assunto, para mim e depois de um fim-de-semana tão intenso em corridas e crónicas, o tema e a concordância /discordância estariam para mim ultrapassadas.
Permito-me fazer os seguintes comentários que desde já reconheço, V/Exª tem todo o direito de publicar ou não, uma coisa fica registada, eu não me chamo “Solange Pinto”, e não vou alimentar o triste espectáculo que o Sr. Cortesão (com falta de cortesia alimentou com a sua colega).

R – O caso dessa senhora não é para aqui chamado, tratei-o na altura própria como achei que o devia fazer. Mas ainda assim, dir-lhe-ei que, reajo sempre assim, como talvez saiba, sempre que me julgo traído ou atacado de forma incorrecta o que não é o seu caso.

4 - Os prémios às melhores lides a cavalo a pé e às melhores pegas, sempre existiram e são um aliciante extra, que mobiliza aficionados a frequentar as nossas praças de toiros. “ na boca do Sr. Cortesão são uma merda” . Eu discordo.

R – Aqui não coincidem as nossas opiniões. Que eu me lembre, só havia dois prémios. A barra de ouro em Montemor disputado entre o Grupo da terra e o Grupo de Santarém, e a Espora de prata para os cavaleiros amadores igualmente em Montemor.
Repito o que disse “Os prémios, são uma merda sem sentido”, porque enquanto não houver critérios e itens a ser pontuados como na Ginástica ou patinagem artística, tudo é subjectivo.

5 - Frequento mais praças espanholas, do que portuguesas, em todas as grandes feiras taurinas, são disputadíssimos os mais variados troféus. Não consigo perceber a origem da afirmação do Sr. Cortesão, “ em Espanha não se disputam prémios”.

R – Meu caro Senhor, se frequenta praças Espanholas, como diz e não duvido dessa sua afirmação, tem andado distraído, diga-me uma corrida ou apresente um cartel em que esses prémios estejam anunciados. O que acontece é serem atribuídos prémios, por tertúlias, por restaurantes, por instituições etc. dias depois da corrida e ás vezes no fim da temporada, e se como diz conhece os meandros saberá o trabalho que muitas vezes têm ( nem sempre felizmente) os apoderados…

Lembro-lhe uma história que já contei em tempos: Há muitos anos havia um toureiro que queria á fina força ganhar um prémio depois de pedir aos falecidos Xico Carreira e Nuno Salvação Barreto, para lhe organizarem jantares de homenagem. Por fim há falta de mais, esses dois estupendos aficionados entregaram ao toureiro o prémio “Putas do Bairro Alto” entregue pela mais conhecida meretriz do respectivo bairro, á época.

6 - Gostava de perceber (segundo o Sr Cortesão) o que são, a ornamentação das vitrinas dos nossos ilustres toureiros, Victor Mendes, João Moura e João Cortes.

R – Esses prémios que o Sr. vê em casa dessas pessoas, dizem respeito ao que disse no ponto Nº 6.

7 - A história do padre e do sacristão, “metáfora segundo o Sr. Cortesão”, traz-me á memória outra metáfora, “a do Jornalista e a do jornaleiro”, uns escrevem segundo a sua intuição e marcam um estilo, outros escrevem à jorna, à linha e tal como qualquer asno, de acordo com a ração que recebem.

R – Não me sinto atingido, mas é a sua opinião… Se há alguém que tenta sempre arranjar argumentos para valorizar todos os toureiros, sou eu. Quanto á metáfora, a minha tem graça mas a sua nem por isso, direi mesmo que é avinagrada…

8 - Atribuição dos prémios em Albufeira – O Sr. Cortesão faz uma série de comentários depreciativos, chegando a invocar gravidade dos factos, no relato das lides, premeia todos sem deixar transparecer quem devia ser premiado. Parece a Srª D. Rebimbas, dá flores a toda a gente. O Sr. José luís Cochicho, e o Sr. Virgílio Palma Fialho, Membros do Júri, decerto não perderão tempo a comentar estes incidentes, mas eu Emílio Vidigal, um forcado igual aos mais vulgares que pisaram as arenas, sinto-me orgulhoso de ter partilhado o Júri com tão ilustres figuras.



R – A comparação com a Srª Dª Rebimbas das flores tem graça, tanto eu como os meus filhos fartámo-nos de rir, e até aproveito para agradecer o facto de me comparar com uma pessoa bem intencionada.

Sou amigo de José Luís Cochicho e de Virgílio Palma Fialho, e os dois compreendem ainda que não estejam de acord, a minha posição, porque sabem conviver com as críticas.
Quanto ao facto de não dizer a quem devia ser entregue o prémio, não disse mas digo agora: Luís Rouxinol, ou João Moura Caetano, ou Sónia Matias que toureou um manso perdido com toda a seriedade, sem atribuir a esse toiro outro problema que não a mansidão…
A propósito saberá o Sr. explicar porque toureou Tito Semedo no fim da corrida e não no principio da segunda parte como é normal ???

10 - As dúvidas do Júri, desvaneceram-se após a lide do sexto toiro. Até ali, Luís Rouxinol e Felipe Redondo eram os vencedores. Após a lide de Tito Semedo, depois de três intensas horas de corrida, ainda estavam preenchidos mais de três quartos de praça, (deve ter sido nessa altura que o Sr. Cortesão ligou o televisor) ouviu-se a maior ovação da noite, que premiava uma actuação sem ferros descaídos nem passagens em falso. (Luís Rouxinol com uma grande actuação tinha registado uma passagem em falso e cravado um ferro ligeiramente descaído. Joel Zambujeiro, jovem cabo do Grupo de Cascais, efectua uma pega, que foi um verdadeiro hino á arte de pegar toiros, foram evidentes na execução os três tempos do toureio - Parar – Templar e Mandar.

R – Para sua informação, tinha a televisão ligada e vi a xaropada de princípio ao fim, ainda que por vezes com manifesto sacrifício…
Se como diz, foi a seguir á tal ovação que o sr. decidiu, pode bem ter sido o barulho que o perturbou…
Se os prémios fossem em função das ovações, Joaquim Bastinhas tinha ganho muito mais do que aqueles que ganhou.
Quanto á pega de Joel Zambujeiro estou de acordo consigo, mas, voltando á metáfora de que não gostou, dir-lhe-ei : "saiu natural e sériamente a vespa ao sacristão".
De Luís Rouxinol, direi somente que equacionando os itens mais importantes que devem ser tomados em conta na avaliação - arranjo dos cavalos, verdade do toureio, correção da viagem, emoção, temple, remate das sortes, técnica, momento da reunião e cravagem -, repito respeitando estes itens não havia a mínima dúvida para ninguém, senão para quem vê numa passagem em falso e num ferro descaído, motivos superiores de desvalorização em função de tudo o resto bem feito.

11 - O forcado Felipe Redondo, tinha efectuado uma pega muito rija e a um toiro difícil, mas o primeiro tempo parar e falar com o touro não foi marcado, tendo sido efectuado com auxílio do cabo e do peão de serviço. Refiro-me aos tempos do toureio, porque tive a honra de integrar o primeiro grupo de forcados que pisou a arena da Praça México. No dia seguinte um Jornalista de um periódico taurino, registava “ Los Forcados Lenharam lá México”. Pegar toros es igual que torear, ay que Parar Templar e Mandar”.

R – Quanto ao facto de pisar a Praça México, dou-lhe os meus parabéns, quanto á pega já respondi.

12 - Segundo o Sr. Cortesão, Público – Três quartos de casa á vista, eu estive lá, vi as bancadas preenchidas, e tive a confirmação de que ficaram na bilheteira cerca de 200 bilhetes.
Para outras praças o Sr. Cortesão utiliza outro tipo de expressão, por exemplo: “Campo Pequeno, Corrida do Correio da Manhã”, bilhetes 2 em 1, O Sr. Cortesão relata “pouco público” , estavam 1200 pessoas na praça, deduzindo as ofertas a forcados e outros intervenientes devem ter sido vendidos 500 bilhetes.

R – Três quartos de casa foi o que me pareceu… mas posso estar enganado…
Quanto a outra corrida a que se refere, e que não sei porque é para aqui chamada, só não entende quem não quer. Praça esgotada é uma coisa, meia praça é outra, um quarto de casa é ainda diferente e pouca gente é pouca gente… Mesmo assim direi que há da sua parte um enorme exgero. Mas enfim, o sr. também não estava lá, a televisão não transmitiu, e limitou-se a tocar música de ouvido…

13 - Termino como comecei, só o facto do “Sortes de Gaiola” ter voltado ao assunto me levou a tecer estes comentários.
Devo dizer que considero pior a “emenda que o soneto”. Se a crónica já de si era uma falta de respeito, pelo Júri, pela Monumental de Albufeira (Dor de corno) e pelo Empresário, Ganadero e Matador de Toiros “Fernando dos Santos”, a carta ao Sr. Tito Semedo é um compêndio de servilismo, falta de nobreza e um acto de verdadeiro jornaleiro.

R – Da sua carta depreende-se, que não entendeu a maior parte do que escrevi, depreende-se igualmente que esteve por dentro do que se passou nos meandros dessa corrida mas não disse tudo. Ao dizer que tenho dor de corno, não está a pensar ou então não pensa mesmo... Acaso eu queria ser júri a 500 km de distância? Acaso tenho inveja de Fernando dos Santos ??? Se não sabe, vou-lhe dizer: Fui dos poucos que defendi o Fernando dos Santos quando todos o atacaram no Campo Pequeno. Lembra-se disso??? De que lado estava nessa altura???

Sr. Vidigal quero dizer-lhe, que neste ponto a que estou a responder, teve V. Exª o seu grande momento de Humor… teve mais graça ainda que na comparação que me faz com a Senhora das flores…
Diz ainda que a carta que escrevi a Tito Semedo é um compêndio de servilismo, mas em quê??? É servilismo pedir desculpa ao cavaleiro, se acaso este se sentiu ofendido ???
Pensa que me move algo contra Tito Semedo ??? Pergunte-lhe a ele se não o apoiei sempre?
Pense nisto Sr. Vidigal: “Eu nem me referi ao facto escandaloso do 1º toiro de “Tito Semedo” ( como outros fizeram), que na opinião da maioria, o único problema que tinha era ser manso, e que se o toureiro toureasse o sobrero por deferência da empresa, devia sair fora do prémio … Mais acrescento que se tem dúvidas do que eu digo, consulte o relatório do veterinário e do director dessa corrida.

Servilismo, pode ser satisfazer caprichos de gente mimada… nem que para isso tenha que se dizer ou fazer o que não se sente…
Sabe meu caro Senhor, eu não vivo no Algarve nem passo nem nunca passei aí férias, e só vou aí aos toiros uma vez por ano, quando muito…

14 - Com os meus cumprimentos Sr. Director António Costa, o tempo tudo cura, e o rico leque de colaboradores que o “Sortes de Gaiola “, tem, decerto que vai fazer esquecer este incidente, na minha opinião infeliz do Sr. Cortesão.

Emilio Vidigal

R – Com os meus cumprimentos Sr. Emilio Vidigal, não quero terminar sem lhe recordar que as suas criticas caíram pela base quase na totalidade, e quanto aos epítetos que me pôs, aceito-os humildemente, ainda que os julgue infundados e injustos.
Lamento o facto de o Tito Semedo, que é uma pessoa excelente e um toureiro sério, acabe por ser hoje mais uma vez beliscado com verdades, que bem podiam ter ficado na sombra.

Como diz o senhor e bem, “o tempo tudo cura”, e acrescento eu: “como se trata de uma praia, pode ser que para o ano os critérios sejam mais apertadinhos… “

João Cortesão

Nota: Obrigado pela ideia da Dª Rebimbas, porque doutra maneira não sabia como ilustrar esta carta.