Tributo aos que regem com discrição a sua forma de estar no mundo do toiro
Luís Miguel Viegas
A discrição é uma cracterística daqueles que não têm intenção de chamar a atenção, é também a competência daqueles que sabem diferenciar o certo e o errado, tal como é a qualidade de alguém que não delata os segredos alheios.
Discreto é aquele que tem discernimento, o que é igualmente uma característica ou qualidade de quem é recatado.
Todos aqueles a quem me referi nas crónicas assim tituladas (forcados, apoderados e bandarilheiros), são gente discreta, mas com papel relevante na Festa.
Luís Miguel Viegas, prá malta o "Miguel de Salvaterra", é mais um caso de um forcado com história curtida nos muitos anos de toiros, ora a pegar de caras, ora a ajudar, ora a rabejar, sendo nesta última posição que ocupou mais anos na formação do seu grupo em praça.
Mudou de grupo duas vezes sempre pelo mesmo motivo, estar onde melhor se sentisse, sem deixar inimizades nem situações que belisquem a sua dignidade.
A aficcion nasceu com ele no convivio com o seu pai - também ele foi forcado -, e com o avô Miguel, maioral da Ganadaria do Sr. João Ramalho.
Conheci o Luís Miguel quando ele ainda rapazola acompanhava o avô O velho Miguel, com o qual estreitei uma relação forte de amizade, da qual o único que tirou dividendos fui eu, com aquilo que com ele aprendi.
A vida de forcado do "Miguel de Salvaterra" ( 2 anos no grupo de Savaterra, 3 no do Ribatejo e 19 no de Lisboa) honra os grupos por onde passou e a forcadagem .
Nestes últimos 19 anos tomou parte em todas as cernelhas do grupo de Lisboa, e foi neste Grupo que ainda conheceu essa figura mitíca que foi Nuno Salvação Barreto (embora este já não capitanesse o grupo), de quem ainda bebeu ensinamentos.
Á parte do Forcado existe o homem, o lavrador que busca na terra o que esta pode dar, de forma séria, acompanhando a evolução das técnicas, e como dizia Nazareth Barbosa " tirando da terra a fartura, com o rosto tostado pelo sol da valentia"...
Por fim não posso esquecer a sua relação com os mais novos do grupo onde hoje pega, onde a forma didáctica como a eles se dirige, contrasta com a posição de alguns que existem em quase todos os grupos, e quiçá com menos estatuto.
Termino afirmando : "24 anos de forcado... é obra..."
Homens como o Luís Miguel Viegas, fazem falta á FESTA.