MANIFESTO DA DIRECÇÃO: Este blogue “www.sortesdegaiola.blogspot.com”, tem como objectivo primordial só noticiar, criticar ou elogiar, as situações que mais se distingam em corridas, ou os factos verdadeiramente importantes que digam respeito ao mundo dos toiros e do toureio, dos cavalos e da equitação, com total e absoluta liberdade de imprensa dos nossos amigos cronistas colaboradores.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Manuel Maria Barbosa du Bocage



"O Inferno do cíume"















A propósito dos ciumes artísticos no mundo do toiro, que se notam mais durante a temporada, tirei do poema "O inferno do ciume", versos de tão famoso autor por vezes tão mal compreendido, versos que encerram uma mensagem sempre actual, como quase tudo o que foi é e será escrito, por grandes génios.

O dito poema começa com o primeiro verso que transcrevo

“Em vão pregador rançoso….”

As reticencias representam 5 versos mais, que definem o “pregador rançoso”, aos quais se seguem:

Que á razão embota o gume; (Embotar = arredondar)
Não, não há tartáreo lume,
Que devore a Humanidade:
Sabeis vós o que é verdade?
O inferno do ciúme.”

A obra donde tirei estes versos é toda uma elegia ás consequências perversas do ciúme. O ciúme como sabeis, não é um sentimento exclusivo do amor, ele faz-se notar, no trabalho, no desporto e nas artes sobremaneira. Quando a este se juntam complexos de superioridade e pior se forem de inferioridade, estamos perante um caso patológico designado por ciúme doentio.

Pois bem meus senhores; o mundo do toiro está invadido como nunca, por esta doença que se tornou quase numa epidemia na “Festa”, cujos sintomas se manifestam em ressaibos nítidos e permanentes.

As guerras de empresários com empresários - toureiros com toureiros, forcados com forcados, imprensa com imprensa e todas as outras que existem entre as demais combinações de agentes taurinos -, se passarem da rivalidade natural á inveja, e consequentemente ao ciúme, são do pior que pode haver...

Há que diferenciar o ciúme das rivalidades sadias; estas porque são sadias e não minadas pela invejoca, são úteis e até mesmo imprescindíveis á “Festa”. Aquelas outras, que tem o empresário A com o B, só porque o A chegou ontem e tem mais sucesso ou porque o B já está instalado e tem obra feita, ou o toureiro C em relação ao D só porque o público gosta mais do D, ou ainda porque o jornal E e o site F são mais lidos ou visitados, e por aí fora, acabam por virar o feitiço contra o feiticeiro.

Aqueles que são invadidos por ciúmes doentios no amor, do tipo: “Já olhaste 4 vezes para aquele lado”, ou, “Tu queres ir ao café mas é para ver fulano” etc. segundo as estatísticas têm mais possibilidades de serem cabrões…

Como exercício de pensamento, meditem nestes outros versos do poeta referindo-se ao ciúme:

“Esse abismo, esse Orco eterno
Não é filho da razão;
Os pavores da ilusão
È que pariram o inferno”.

O SENHOR, Manuel Maria Barbosa du Bocage, usava uma linguagem vernácula quando achava oportuno, todavia foi um dos maiores poetas da língua Portuguesa e cmo se prova, sabia bem o que era o ciúme…