Carta de João Cortesão a Tiago Ribeiro
Meu caro amigo Tiago:
Há factos e circunstâncias que nos deixam tão perplexos, que o pensamento se tolda e as palavras não saem.
Desde 5ª feira que ando a tentar dizer-te qualquer coisa que te anime, mas não tenho conseguido por imaginar o péssimo momento porque estás a passar.
A palavra amizade que para ti não é vã e o amor ao Grp Ap Moita, são um fardo pesado que mais pesado se torna quando nos lembramos por exemplo de um extracto de um poema que diz . "e quando algum do nosso grupo cai, ainda pior ainda sofremos mais; faz-nos sentir, faz-nos pensar: Talvez da próxima vez seja eu que vá tombar..."
Como pilar dessa familía que é o teu grupo ( Ap Moita) tens a responsabilidade de tocar a unir e de fazer dessa união força. A tua atitude em quereres pegar a corrida de Almeirim é a prova provada de um homem inteiro que não dobra perante a adversidade, e o facto de teres aberto praça, impõe-te ao respeito de todos mas principalmente aquem nunca tinha calibrado a tua alma de forcado e postura de homem inteiro.
No dia e á hora do acidente do Nuno viajava o meu filho António para Macau onde vai estudar 6 meses, e foi já de madrugada em escala no Dubai que lhe comuniquei o que tinha acontecido.. Vários foram os telefonemas que trocámos e por fim ontem pediu-me para te mandar um grande abraço a ti e a todo o grupo e um muito especial para o Nuno que como todos sabem foi sempre o seu amigo privilegiado no que tocava a loucuras sádias.
Por clivagens e passagens da vida há momentos em que nos chega o odor a alguma essência no mundo, por bocados de esperança apanhado nos pedaços de sol num dia enovoado, e nas brisas de um dia de calor, sentimos que algo de extraordinário é ladeado a qualquer alma nascida. E é no nascer do sol que imaginamos a esperança a enredar-nos em algo maior.
Os olhos de coração com óculos graduados de sentimentos e amizade deixam-nos enxergar a paisagem para além do real, do tristemente real- neste caso.
Através da consciência do bem, tens que materializar a amizade na confiança, na entrega, na generosidade que a ti te impões, para dar aos outros. Tem que ser assim a tua sensibilidade bem usada, bem sentida ao serviço da história do AP Moita, e tenho a certeza que vai ser... porque para além de ti há o Rafa, o Licas e todos aqueles que no sabado estiveram a teu lado com grandeza de alma.
Neste momento faço minhas as palavras de Martin Luther King, que disse algures em Março de 1963 num discurso «I have a dream» “eu tenho um sonho”. Eu espero que o meu sonho se concretize, e esse sonho é o desejo do melhor para o futuro do nosso Nuno ...
Com estas palavras me confino, num enviar de boas energias para todos que acreditam que crêm, baixarem o seu pensamento á Srª da Boa Viagem quando ela chegar ao cais na procissão de domingo, porque aí - como já uma vez escrevi -, "qualquer Moitense ao vê-la é feliz, porque Moita é o que é, porque Nossa senhora assim quis..."
Quando puderes diz ao Nuno que eu estarei sempre do lado dele sem foclores...
Dá ao meu irmão e cabo fundador do grp, José Manuel Pires da Costa um abraço do tamanho do mundo, e apresenta á senhora tua mulher os meus respeitos pela forma como tem vivido este drama ao teu lado.
P´ra ti, aí vai um grande abraço do Velho
João Cortesão e dos filhos Toino e Jaime