MANIFESTO DA DIRECÇÃO: Este blogue “www.sortesdegaiola.blogspot.com”, tem como objectivo primordial só noticiar, criticar ou elogiar, as situações que mais se distingam em corridas, ou os factos verdadeiramente importantes que digam respeito ao mundo dos toiros e do toureio, dos cavalos e da equitação, com total e absoluta liberdade de imprensa dos nossos amigos cronistas colaboradores.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Poderá um cabo ser lider?


Sim, além de poder deverá sê-lo, mas não apenas um líder, um conselheiro, um disciplinador de homens, frontal, directo, honesto e porque não amigo.
E todos os cabos têm estas características?
Lá isso não sei, porque nem a todos conheço, mas que existe pelo menos um que as tem não tenho qualquer duvida, é o Bernardo Patinhas. Herdou a génese taurina do seu pai, o lendário João Nunes Patinhas, homem frontal, com muitos amigos, e convenhamos dizer alguns inimigos, porque o Patinhas pai, diz o que pensa e isso no mundo dos touros dói a alguns.
Mas voltemos ao Bernardo, é efectivamente um disciplinador de homens, basta ver a postura do Grupo na trincheira, onde só o líder (cabo) está à frente do grupo, é ele que toma as decisões (certas ou erradas), e quando necessário mostra a liderança, é ele que pega no seu barrete e demonstra aos restantes colegas do grupo que sabe fazer e como se deve fazer. A comunicação neste grupo, é muitas vezes feita apenas com uma troca de olhares entre o cabo e o frocado, prova que o grupo está bem interligado, e que os mais novos já aprenderam os ensinamentos do “mestre”. Não me recordo de ver o Bernardo gritar, gesticular, atribuir culpas a terceiros, tudo é feito com naturalidade e sem alaridos. E a disciplina deste Grupo de Forcados Amadores de Évora é tal, mesmo estando numa fase de renovação onde a juventude impera, que os elementos mais novos já assimilaram a humildade e o espírito de ser forcado. São rapazes simples e humildes que dentro de praça desafiam o bruto com um sorriso, em troca de uma volta à arena, umas palmas, por vezes uma flor e um sorriso de uma rapariga, mesmo que seja tímido. E é esta disciplina de grupo, que seu pai implementou e que Bernardo perpetua agora no grupo, que leva a que os elementos peçam desculpa ao cabo e ao grupo, qual meninos de coro arrependidos, porque a sua prestação não foi a melhor, mesmo que tenham a cara e o corpo cheio de hematomas e arranhões, por vezes algumas costelas partidas, face muitas vezes à violência dos hastados, mas a simplicidade de ser forcado é isso.
Este GFA de Évora com 48 anos de história, estreou-se no Redondo no dia 11 de Agosto com touros de Lampreia e com os cavaleiros José Mestre Baptista, José Cortes e António Anão, fizeram nessa tarde as cortesias João Patinhas, Joaquim Goucha, Manuel Ramos, João Mário, João Franco, Estevam de Lencastre, Manuel Peralta, Francisco Abreu e na trincheira estavam mais cinco forcados. Foi o inicio de uma história, de altos e baixos como todos os grupos, e que agora na pessoa de Bernardo Patinhas se continua a perpetuar com a mesma dignidade que seu pai  a começou, e com a protecção divina de seu irmão João Nuno.

Marco Gomes