De Manuel Lamas de Mendonça recebemos esta carta a propósito do magnifico escrito de José Manuel Pires da Costa dedicado a Padilla:
O pirata pinturero é artista. Lembra-me o que escreveu o adamado-Senhor-poeta que foi o “tio” (do coração, que não dessas pseudo benzices da plebe urbana) Pedro Homem de Mello, sobre um tio trisavô meu, grande jogador de pau, e bailador de romarias entre Afife e Carreço, de seu nome Domingos Ennes:
…e havia um cristal no vento, e havia um cristal no ar, quando aquele fandangueiro se desatava a bailar.
Assim estamos nós com o sacripanta do pirata Zé Manel.
Umas vezes sombrio, outras bandarilheiro brusco, decididamente mais Falla do que Concerto de Aranjuéz, é rapinante ou mãos largas, consoante a sezão. E equilibra-se no fio da navalha entre o insolente e o respeito medido entre os iguais, que sinta.
Cuspidor de picardias para a plebe dos coisinhos assim assim, que formam a geral e a barreira paga, o malandro tem nariz de perdigueiro, ânimo de cavalo de éguas e um ondear das ancas do entender callé.
Raiz da mãe que o pôs: nunca sabia se me apetecia mais ir-lhe ás ventas ou dar-lhe um abraço de cerdas contra cerdas. Há anos que me decidi pelo abraço. Fiz bem. Leva melhor do que eu a carta a Padilha.
M. Lamas de Mendonça