MANIFESTO DA DIRECÇÃO: Este blogue “www.sortesdegaiola.blogspot.com”, tem como objectivo primordial só noticiar, criticar ou elogiar, as situações que mais se distingam em corridas, ou os factos verdadeiramente importantes que digam respeito ao mundo dos toiros e do toureio, dos cavalos e da equitação, com total e absoluta liberdade de imprensa dos nossos amigos cronistas colaboradores.

domingo, 31 de julho de 2011

Reflexões sobre a Corrida do Montijo


Um confronto de futurismo-Surrealismo
e
Um “outsider” representando o classicismo

Partindo do principio que o conceito de arte na pintura pode ser extrapolado para a arte de tourear a cavalo, direi que no Montijo estiveram os aficionados perante dois interpretes do futurismo-surrealismo e um outro interprete do classicismo impressionista.
Li numa enciclopédia que o futurismo define-se pelo movimento que rejeitava o moralismo e o passado, e suas obras baseavam-se fortemente na velocidade e traço forte, com uso de cores vivas e contrastes, sobreposição de imagens, traços e pequenas ou mesmo grandes deformações para passar a ideia de movimento e dinamismo.
As características do surrealismo são: uma combinação do representativo, do abstrato, do irreal e do inconsciente. Segundo os surrealistas, a arte deve se libertar das exigências da lógica e da razão e ir além da consciência quotidiana, buscando expressar o mundo da aparência do inconsciente.
Quanto ao classicismo li  que, lato senso, é a arte clássica, que na atitude estética segue os cânones dos povos, como a pintura da Alta renascença, ou a pintura de Leonardo da Vinci, Miguel Ângelo e Rafael
Monet disse que o classicismo é “a arte da beleza tranquila”; e Wölfflin diz  que é a beleza libertadora que desfrutamos como um bem-estar geral e uma intensificação uniforme de nossa força vital. Em suas criações perfeitas não se encontra nada perturbador, nenhuma inquietação ou agitação – todas as formas se manifestam de forma integral,  que se tomam o padrão, por excelência. Embora o surrealismo tenha um corte com o passado e por isso nada tenha que ver com o clássico nalguns casos  pode ir buscar detalhes como a obtenção de diferentes cores,  utilizando pinceladas de cores puras que colocadas uma ao lado da outra, são misturadas pelos olhos do observador, durante o processo de formação da imagem.
Há uma verdade insofismável que é esta: “A arte clássica atravessa os tempos, os outros estilos de arte marcam épocas, ficam na história mas têm um Boom, a que se segue um declínio até estabilizar no tempo, vide o caso”El Cordobés”. 

Meus senhores, sem tirar a qualquer uma das escolas citadas, para pôr na outra, antes reconhecendo a cada uma os seus méritos, a verdade é que Moura e Ventura mostraram os seus dotes nos compridos medidos, nos recortes, no movimento e no ritmo, nos ladeares, nos ferros com batida ou a quiebro, nas mordidelas e em todo um espectáculo que a maioria do público aplaudiu de pé, vibrou entusiasmado com o que viu, e no fundo o público é quem manda…
Moura Caetano pôs nos compridos a sua marca, tal como nas preparações e execuções das sortes, ao mesmo tempo que carregou de emoção alguns dos seus ferros e o público entendeu que estavam perante um toureio mais calmo, mais repousado.
Gostava de recordar que Duarte de Almeida refere na sua enciclopédia com o maior respeito e admiração á “sorte de caras  emendando a viagem como tendo uma realização semelhante à sorte de caras propriamente dita, com a diferença porém de o cavaleiro partir para o toiro desviando a marcha para o seu lado direito, só realizando o desvio para a esquerda quando o toiro chega à jurisdição. Pois é a esta sorte que estava em desuso, que Moura Caetano repôs ontem tal como faz com  a maioria dos toiros, dando-lhe dimensão.
Com uma praça cheia o público divertiu-se, quem quis viu diferenças aplaudindo em conformidade com o que mais o impressionou, quem não quis ou não tem opinião aplaudiu globalmente, e os forcados facilmente pegaram os seis toiros á 1ª.