Corrida de Montemor o Novo

Com casa cheia, assistiu-se a uma corrida agradável em que os toiros de "Pegoras" serviram na generalidade, mas tinham que ser toureados...
Esta temporada, foi nesta corrida que vi nas bancadas, mais aficionados entendidos por metro quadrado...

Todos os cavaleiros estiveram bem, no entanto a actuação de João Moura Caetano no seu 1º toiro foi simplesmente brilhante.

O Grp de Montemor teve uma tarde para recordar...

O Cartel estava montado com gosto e com a aficcion que distingue a empresa "Montemor é casa cheia" desses enormes apaixonados da "Festa" Simão Nunes Comenda e Paulo Vacas de Carvalho.

Luís Rouxinol

Não sabe tourear mal, tudo o que fez foi bem feito, mas mas não conseguiu o brilho de outras tardes muito por culpa do lote que lhe tocou. Numa praça que o estima e respeita esteve á altura dessa estima e desse respeito. Talvez se tem sacado a égua no primeiro toiro tivesse alcançado mais êxito...

João Moura Caetano

No segundo toiro que lidou esteve muito bem enchendo a cara do toiro de cavalo, lidando com determinação e com saber, com recortes artísticos de grande finura.

A sua lide no primeiro toiro é para recordar, nos compridos deu todas as vantagens ao toiro, e nos curtos transportou-nos a momentos irreais, tal foi o risco que correu e a emoção que levou ás bancadas.

O temperamento evoluiu da sorte com batida ao piton contrário, para uma sorte em que entra recto pelo toiro dentro para depois bater levemente no piton, conseguindo um momento de reunião inacreditávelmente cingido, tornando a reunião num sítio em que é impossivel passar o toiro mais cerca do binómio cavalo cavaleiro. Desta vez pôs mais um ferro neste cavalo, que saiu se possivel melhor que os anteriores.
Esta actuação tem o peso especial dada a excelência dos aficionados presentes...

Marcos Bastinhas

Está um senhor toureiro. Depois do precalço inicial em que foi colhido de mau modo, agigantou-se e cravou na égua alazã dois óptimos compridos. Seguiu a lide visivelmente combalido, numa demonstração de séria honestidade toureira. No seu segundo toiro esteve ainda melhor, tirou partido dos ladeares e cravou bons ferros que resultaram de sortes bem desenhadas. Bandarilhou de forma correcta a duas mãos e cravou ferros em sortes de violino que com ele surgem sempre de uma maneira muito particular.

Depois do seu inicio como cavaleiro em que deu ideia de perfilhar um toureio clássico, passou pela fase de recalque no toureio de seu pai, para estabilizar agora num toureio hibrido destes dois conceitos. seguindo com personalidade em velocidade de ponta..

Manuel Vacas de Carvalho

Mostrou uma notável evolução no que toca á técnica do toureio a cavalo,aliada a uma monte correcta e á procura permanente duma linha de toureio clássica.

Fez tudo bem feito e com calma o que pressupõe madurez e entrega. Resumindo, o Manel evoluiu na continuidade da escola do seu mestre "Luís Miguel da Veiga" em que mais que procurar o público estava a presença da essência do toureio a cavalo e as suas regras base...

O Grp de Montemor encerrou-se com 7 toiros o que já por si é um feito, mas para corroborar esteve sempre enorme a ajudar os forcados da cara.

Não posso deixar de prestar uma justissima homenagem a João Cabral que se despediu, ele que foi um dos grandes do seu tempo, e que como pessoa é uma referência.

O João deixa como memória futura, aquela pega no Campo Pequeno, tão só uma das melhores que vi na vida...

Aqui em Montemor reconhece-se o papel importante que Virgílio Palma Fialho teve na "FESTA", e no "sortesdegaiola" não há quem proiba fotos suas ou que o Virgilio seja filmado...