Um factor negativo da actualidade tauromáquica é, sem duvida a pouca diversidade do comportamento do toiro, cuja selecção,visando a plasticidade do toureio, muitas vezes desprovido de conteúdo técnico, atingiu parâmetros realmente assombrosos, em detrimento da componente emocional que deverá estar sempre em simbiose com a arte.
Ora, a corrida das tertúlias de Vila Franca com toiros da ganadaria Vale do Sorraia, transmitida pela RTP, teve o mérito de mostrar aos aficionados que existem, para além do tão requisitado toiro de Murube, que pelo seu comportamento tão meritório quão previsível é o preferido da maioria dos cavaleiros, existem dizíamos, outros encastes de morfologia e investidas distintas com outras exigências técnicas que, logicamente, emprestam variabilidade e emoção ao toureio.
Esta neste caso o encaste de “Vale do Sorraia”, imaginado pelo Senhor David Ribeiro Telles na reconstituição do antigo toiro de casta portuguesa, seleccionado no sentido de maior toureabilidade.
A casta portuguesa fixou um animal corpulento, poderoso e de formas bastas, com córnea muito desenvolvida e de tendência à mansidão, porque a modalidade de toureio praticado em Portugal até meados do Séc.XIX. não exigia outro tipo de toiro e também porque uma reforma politica contrariou a sua evolução.