Vila Boim é uma terra portuguesa antiga, muito antiga mesmo - tem vestígios de povoamento desde a época pré-histórica como comprovam alguns dólmens descobertos na freguesia e como provam documentos que remontam ao século II a.C., quando os romanos ali chegaram.
Há vários anos que o meu amigo Joaquim Carvalho e o Sebastião Ortigão Costa me convidavam para ir assistir a este festival, mas por uma razão ou por outra, nunca - hoje digo infelizmente - nunca me tinha sido possível. A partir deste ano, só razões de força maior me impedirão de estar presente.
Naquela festa, de tão genuína, apetece dizer o que reza um fado da “Ti Mimela Cid”:
”Tudo ali é português,
Tudo ali vive contente ,
Vive o pobre e o burguês,
É pequenina talvez,
Mas cabe lá toda a gente”.
A organização coordenada superiormente pela paixão e Portuguesismo do aficionado Luís Fernando Carvalho, contrasta com a balda (versus anarquia), dando mote á única coisa não tipicamente Portuguesa.
É evidente que além do Luís Fernando há o Sebastião Ortigâo Costa, o José Luís Sommer, O P. P. Carvalho, mas todavia há que realçar ainda “os Romeiros de Vila boim” - que se revêem numa tradição popular despretensiosa -, com as suas carroças puxadas por mulas, que organizam vários passeios durante o ano.
Ao almoço não sei que eleger se os pezinhos de coentrada, se o arroz de coentros se a carne e os enchidos cosidos, sobressaindo nestes os sabores que vinham da qualidade dos produtos. Ao jantar, á sopa camponesa e ao ensopado de borrego, era transversal o tempero Alentejano e a pureza gastronómica popular. Os doces, eram manjares das fadas que os compuseram…
Os vinhos eram bons ou óptimos ( no Alentejo não há vinhos medíocres e muito menos, maus Vinhos).
No domingo de ressaca faltei á caldeirada, com muita pena minha.
A música que se ouviu á tarde foi interpretada pelo conjunto local “Xumbo Torto” quecantou vezes sem conta o seu maior êxito: Vamos embora para Barbacena) tocou e cantou versões do cancioneiro alentejano em versões aligeiradas, e á noite o show man ZÉLITO (que cantou vezes sem conta o seu maior êxito: “Vamos embora p’ra Barbacena”), além de se estender do “ Pimba” ao canto cigano da raia, sem imitações, levando-nos a concluir que o que é Nacional é bom e não fazem falta Sevilhanas para animar a Malta. Toda a gente se divertiu á Portuguesa e como dizem os meninos e meninas de Cascais, estava toda a gente, os Lupis, os Roquetes, os Pinto Basto, S. Comenda, Arimateia, Alfacinha, J. Barata Freixo, Clã Rui Fernandes, Caldeiras, José Eduardo Nunes, Jorge Ortigão, Palmeiro, Eduardo Cabral, Hugo Teixeira, Jorge Teixeira( com um dedo partido, a quem desejo rápidas melhoras), Marco gomes, João Patinhas, Luís Vilar Maior, e ainda Paco Ojeda, Gregório Moreno Pidal, José Alexandre e Cristina Sanchez que se deslocou de propósito de Madrid para fazer parte do Júri.
Das senhoras destaco a alegria sempre contagiante da Joana Barata Silvèrio, que me transporta a tempos e amizades antigas, em que a vivencia era outra, e a simpatia hospitaleira da Maria Beatriz Carvalho sempre pendente dos amigos.
A hospedagem em casa do Sebastião e da Rita que já há vários anos estava para acontecer, pelos detalhes e pelo carinho de todos, filhos incluídos, foi um banho de amizade e senhorio do mais puro.
Em Barcelona, no passado ano tomei o pequeno almoço com o Zé Manel Pires da Costa, em casa do meu amigo Rafael Ulésia D’Anta , ao som da guitarra tocada por esse meu amigo e vendo ao longe o monte Tividavo. No domingo foi ao som do piano em que o Sebastião (filho) interpretou primorosamente duas peças clássicas.
Não há nada que se compare ás boas amizades, e como dizia um velho amigo meu: a partir dos 50 anos já não é altura de criar novos amigos…
Obrigado Luís Fernando, obrigado Moçarava ( nome primitivo de Vila Boim), e pró ano aí estarei.