Foi ontem a sepultar Manuel Sabino Duarte, Veca p’rós amigos.
O veca foi em vida um caso importante de um predestinado para determinado tipo de equitação. As passages e os piaffers que ele sacava aos cavalos eram brilhantes. A empatia e a cumplicidade que criava entre ele e os animais que trabalhava eram de tal dimensão que muitos tinham dificuldades em acoplar-se aos seus cavalos. Vi-o por vezes montado em animais que não eram acima da média e que conduzidos por ele apresentavam um “gesto” que em nada correspondia ao valor que aparentavam.
Foi ao Veca que António Ribeiro Telles confiou o Gabarito, o Damasco, o Zinco e mais alguns em determinada fase do seu arranjo. Recordo-me de um (companhia das Lezirias) em que o António toureou e que lhe comprou já arranjado, que pregava piruetas verdadeiras (não confindir com piruletas…) e que sacou nas cortesias quando se encerrou com 6 toiros em Almeirim tirando nesse dia partido da pirueta inversa, que é tão raro ver.
Assisti á sua alternativa com meus pais em Viseu, que lhe foi concedida por Mestre Manuel Conde, na feira de S. Mateus no Fontelo onde todos os anos íamos. Vi-o tourear algumas vezes, recordo-me de Cascais era então empresário Nuno Salvação Barreto e em Tomar quando um toiro entrou pela porta dos cavalos.
Depois da morte de seu filho com um ataque cardíaco, filho esse que já tinha tido uma lesão grave num rim num jogo de Rugby, psicologicamente quebrou muito, mas rejuvenescia de conversa pronta , quando o tema era o cavalo.
A última vez que estivemos juntos foi este ano numa corrida do principio de época em Santarém. Havia espaço e sentámo-nos ao lado um do outro para trocar impressões.
Guardo muitas recordações sobretudo da feira de S. Martinho, mas talvez a principal seja no baptizado do João Telles Junior, em que fiquei na mesma mesa com ele e com o Zé Eduardo Nunes cruzando os três a boa e a má equitação em exercícios de pensamento livre que por vezes confluíram e outras não.
Meu caro Veca,, partiste e os apaixonados da Golegâ vão sentir a tua falta, e do espectáculo que era ver-te apresentar um cavalo em cujo o arranjo não faltava uma reverance segura sem tibiezas.
Veca sabias como poucos pôr um Sombrero.
Veca contigo partiu um pouco do Ribatejo dos campos de oiro, e das “Portas do sol” o lendário trovador, rezará em silencio uma ode a Manuel Sabino Duarte ( Veca p’rós amigos.